O Museu do Rancho Folclórico e Etnográfico do Refúgio acolheu, no passado dia 7 de outubro, mais um tertúlia "Serões à Lareira". O convidado da noite foi o poeta e romancista João Morgado que deu o mote para a conversa com uma frase: "Somos o reflexo daquilo que lemos".

João Morgado iniciou a apresentação com uma referência ao trabalho "A Covilhã na imprensa – memórias do 1º século", uma obra que desenvolveu ainda como estudante universitário, onde analisou os primeiros jornais publicados na cidade, entre os anos de 1864 e 1964. Seguiu-se a obra "Meio-Rico" publicada em 2011, uma coletânea de contos sobre a sua infância na Aldeia do Carvalho. 

Seguidamente o autor falou dos dois romances que escreveu entre o ano de 2010 e 2012: "Diário dos Infiéis" onde o romancista relata os problemas de infidelidades de quatro casais, e "Diário dos Imperfeitos", onde continua com a mesma linha de problemas conjugais, desta feita, nos anos 80. 

Relacionando a obra seguinte com o calor da lareira, João Morgado falou do livro "O pássaro dos segredos". Este trabalho é o mais autobiográfico que escreveu. Relata a convivência do escritor, enquanto criança, com o pai, o que este lhe contava sobre o 25 de abril, e o modo terno com que todas as noites adormecia envolto dos braços do seu pai "(…)o pássaro grande envolvia o pássaro pequeno(…)". O escritor relatou a obra com alguma emotividade, uma vez que dedicou a mesma ao seu progenitor.

O último livro de que o romancista  falou foi "Vera Cruz", o mais recente romance histórico. Trata-se de uma obra que desmistifica a história de Pedro Álvares Cabral, os envolvimentos amorosos entre marinheiros nos navios, os abusos sexuais aos menores que seguiam viagem, os hábitos de higiene, as doenças e as mortes. Para o autor, este é o romance histórico mais "pesado" que já escreveu.

Para concluir a conversa, João Morgado ainda falou sobre o próximo romance onde falará na vida de Vasco da Gama, o navegador português que descobriu o caminho marítimo para a Índia.

No final da tertúlia, o "Serão à Lareira" continuou com um pequeno convívio onde as castanhas assadas, o queijo e a tradicional jeropiga acompanharam os participantes.