Uma criação tipicamente alentejana da Companhia de Teatro do Centro Dramático de Évora, Cendrev, encheu a sala do Teatro das Beiras e ainda houve quem preferisse ficar no chão a perder o espetáculo.

Os Bonecos de Santo Aleixo são marionetas de origem alentejana manipuladas por um grupo de quatro atores que lhes dá voz e movimento. Feitos de madeira e cortiça, com roupas que identificam as suas personagens, estes bonecos pertenceram durante muitos anos a António Talhinhas, que lhes deu fama e sucesso.

A peça decorre ao som de uma guitarra portuguesa, num cenário pintado à mão e iluminado por candeeiros de azeite. Compreende um repertório muito diversificado acerca da origem das coisas, com teor religioso e personagens da cultura popular.

A primeira parte do espetáculo teve como foco principal a representação do Auto da Criação do Mundo, uma história universal, abordada de uma forma original e humorística. A segunda parte foi composta por pequenas peças, pequenos sketch, e algumas canções, como O Fado do Senhor Paulo e A Vergininha. O espetáculo conta ainda com algumas partes de interação com o público. Vítor Amaral, vereador da Cultura da Câmara Municipal da Guarda, fez parte de um desses momentos: "fui o escolhido porque há uma relação de afinidade, porque estive ligado um período da minha vida ao Cendrev’", contou o vereador.

Apesar de já não ser a primeira vez que esta peça vem ao Festival de Teatro da Covilhã, continua a encher salas e a chamar a atenção do público "pelo facto de ser uma peça em que os bonecos são manipulados por atores que estão por trás de um painel'', como conta Ana Maria, uma das espetadoras. Mesmo para quem já conhece, continua a ser agradável presenciar o espetáculo, testemunha Sónia Botelho, atriz residente da Companhia do Teatro das Beiras: "eu já conheço os bonecos de Santo Aleixo e divirto-me sempre muito, é uma grande excitação poder assistir'', confessou a atriz.