Mário Soares, o combatente político em nome da democracia contra o regime do Estado Novo, o ex-primeiro ministro, o antigo presidente da República, a “lenda viva”, como o classificou Vítor Pereira, foi um dos homenageados pela autarquia serrana nas comemorações dos 145 anos de elevação a cidade. O socialista, uma das principais figuras que marcou a transição do País para a democracia, e que teve um papel que vai além dos cargos citados na tarde de ontem, recebeu a Chave da Cidade e a Medalha de Mérito Municipal – Categoria Ouro, na cerimónia de ontem, terça-feira, dia 20.

Foi um dos 16 distinguidos num ato em que a Câmara da Covilhã quis prestar tributo a um conjunto de personalidades e instituições “que pela sua atividade, pelo seu trabalho, pela sua dedicação e pela sua relevância marcaram ou marcam de alguma forma a história coletiva e contribuíram decisivamente para a nossa regional, nacional e internacional”, sublinhou o presidente da autarquia, Vítor Pereira.

Mário Soares, de 90 anos – completa 91 em dezembro –, não faltou à cerimónia apesar de evidenciar notórias debilidades físicas. Talvez por isso –, acrescido de motivos de agenda – acabou por não ficar até ao fim, provocando mesmo uma alteração da ordem das homenagens. Deveria ser o último a receber o tributo, passou para segundo, agradeceu com alguma dificuldade e saiu.

Não sem antes ouvir a longa descrição do seu percurso profissional e político ou o elogio de Vítor Pereira. “Mário Soares dispensa apresentações e é, sem ponta de exagero o Pai da Democracia em portuguesa. Advogado de profissão, democrata e republicano por convicção, servidor da causa pública por vocação devemos ao Doutor Mário Soares parte muito significativa da estabilidade democrática que hoje vivemos e da liberdade que hoje respiramos”, disse o edil socialista, acrescentado que, com a homenagem se ligam várias “histórias”: “Mário Soares é uma personalidade da história do mundo, da história da europa, da história de Portugal e a partir de hoje também, da história da nossa Cidade da Covilhã”.

Mário Soares não foi o único a receber a Chave da Cidade nas comemorações deste ano, tendo a autarquia atribuído o mesmo galardão a Álvaro Lambelho Ramos, empresário, ex-presidente da Câmara da Covilhã e um dos elementos da Comissão Instaladora da Universidade da Beira Interior, como lembrou Vítor Pereira, entre outras realizações que destacou durante o discurso oficial.

Outro dos três principais prémios deste “20 de Outubro” foi para a Escola Secundária Quinta das Palmeiras.

O estabelecimento de ensino – “um dos mais recentes do concelho”, como lembrou Vítor Pereira –, “hoje superiormente dirigida pelo professor João Paulo Mineiro, tem conseguido conquistar prémios de excelência e o reconhecimento dos seus pares a nível nacional e internacional sendo em muitos aspetos considerada como um exemplo no Ensino e Formação em Portugal”. Motivos que justificaram a atribuição da Medalha de Mérito Municipal – Categoria Ouro.

O fio condutor da sessão de homenagens deste ano centrou-se em muitos covilhanenses – de berço ou adoção – e organizações ligados aos setores empresarial e cultural.

Foram homenageados com a Medalha de Mérito Municipal – Categoria Prata o professor António Esteves Lopes; o escritor José Marmelo e Silva; o maestro Luís Cipriano; Banda do Paul; e Teatro das Beiras, no plano cultural. Quanto aos empresários, receberam a mesma medalha António Manuel Lopes Moreira, Ezequiel Pais Guilherme, João Magalhães, casal Manuel Duarte de Oliveira e Benvinda Oliveira e Paulo Cunha Ribeiro.

A autarquia reconhecei ainda os ex-autarcas de juntas de freguesia José Luís Campos (Aldeia de São Francisco de Assis) e Álvaro Mineiro (São Martinho) e António Bento, ex-chefe Regional da Guarda do Corpo Nacional de Escutas.