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Primeiro doutor em Comunicação brasileiro elogia condições académicas que encontrou na UBI
Rodolfo Pinto Silva · quarta, 19 de agosto de 2015 · @@y8Xxv Washington de Souza Filho escolheu a UBI para continuar a sua formação e tornou-se o primeiro de vários brasileiros a frequentar o 3.º Ciclo em Ciências da Comunicação na Faculdade de Artes e Letras a concluir a investigação. Teve aprovação em julho e considera que fez a escolha certa, ao vir para a Covilhã. Na Faculdade, a ligação ao Brasil tem resultado num intercâmbio de alunos e investigadores que é considerado “de grande importância”. |
Washington de Souza Filho fez um estudo que abrangeu o jornalismo que é feito em Portugal e no Brasil |
22000 visitas Washington de Souza Filho pode ser considerado um pioneiro. Brasileiro, docente da Universidade Federal da Bahia, veio para a Universidade da Beira Interior (UBI) em 2011 e tornou-se o primeiro doutorado daquele país, em Ciências da Comunicação pela instituição da Covilhã. Faz parte de um conjunto de estudantes que cruzaram o Atlântico para fazer o 3.º Ciclo na Faculdade de Artes e Letras da UBI (FAL-UBI) e, depois das provas de 22 de julho, considera que a opção que tomou há quatro anos não podia ter sido mais acertada. “Tenho a convicção de que eu não teria feito o mesmo trabalho, com a classificação que obtive, se não tivesse vindo para a Covilhã”. A afirmação sintetiza a satisfação do novo formado na UBI, que confessa “ser difícil encontrar alguma coisa negativa a apontar”. As dificuldades foram “circunstanciais” e, acredita, semelhantes àquelas que qualquer cidadão português encontraria no Brasil se fizesse o percurso inverso, suplantadas pelas condições académicas. “Não quero parecer deslumbrado, mas há uma série de facilidades. Tive acesso a bibliografia que não teria no Brasil, porque é caro importar livros; não encontraria numa cidade brasileira as condições de vida e de trabalho que tive aqui na Covilhã, que descobriu uma certa vocação em função da Universidade”, explica Washington de Souza Filho, que considera a facilidade da língua comum outra vantagem. E vai levar algumas ideias para o Brasil: “Descobri a possibilidade de ter um espaço individual na Biblioteca Central [Sala São Martinho], que é recente, e comecei a usar em março. Na minha universidade não existe e eu vou agora reivindicar algo semelhante”. Washington Souza Filho, que defendeu a tese “A transformação da tecnologia: mudanças das rotinas de edição da notícia nos telejornais do Brasil e de Portugal”, é docente e antigo jornalista de imprensa e televisão. Foi um dos 29 estudantes estrangeiros inscritos nos três anos do doutoramento em Ciências da Comunicação, em 2014/15. O contingente lusófono integrou 11 brasileiros e um moçambicano. Esta aposta na internacionalização da área das Ciências da Comunicação – que segue a estratégia da própria UBI – tem já alguns anos. “Aparece na sequência, e como uma consequência lógica, da estadia de vários bolseiros de doutoramento (“bolsas sanduíche”) no Labcom, logo a partir da sua fundação, alguns de grande projeção científica e académica no Brasil. São disse exemplo as professoras Suzana Barbosa, atual diretora da Faculdade de Comunicação da UFBA, e Adriana Braga, da PUC-Rio e Editora do periódico científico E-Compós”, recorda Paulo Serra. O diretor do Doutoramento e presidente da FAL-UBI salienta ainda “o crescente intercâmbio entre investigadores da UBI e de várias universidades do Brasil”. Uma troca que se verificou sobretudo a partir de 2003, ano em que os docentes da Faculdade António Fidalgo, Paulo Serra, João Carlos Correia e Manuela Penafria foram selecionados para participar no encontro dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação – Compós, que teve lugar no Recife. Do Brasil para a Portugal – e para a UBI – viajou Marcos Palácios, na sequência da atribuição de uma Cátedra Santander, por iniciativa de António Fidalgo, em 2010. Desde essa altura, tem feito visitas periódicas para condução de seminários no doutoramento de Ciências da Comunicação e coorientação de teses. “O papel do Professor Marcos Palacios foi e tem sido também importante a três outros níveis: no estabelecimento do primeiro doutoramento em cotutela entre a UFBA e a UBI, e foi o ponto de partida para os outros que têm vindo a ser feitos; na divulgação do nossos cursos e atividades nos círculos académicos e científicos no Brasil e não só; e na organização do intercâmbio de docentes/investigadores entre a UBI e a UFBA, para períodos curtos de lecionação e investigação”, acrescenta Paulo Serra, que considera esta estratégia de “grande importância”. A vinda de estudantes brasileiros permite colmatar o decréscimo de procura dos cursos de doutoramento que se tem verificado na generalidade das áreas e das universidades portuguesas, mas também porque os alunos e académicos brasileiros “enriquecem o ensino e a investigação portuguesas na área”, ainda de acordo com o responsável. O presidente da FAL defende, para o futuro, o incremento do intercâmbio, seja através dos doutoramentos em cotutela – sistema em que o estudante está simultaneamente inscrito na universidade de origem e na UBI, e com direito a dupla titulação/diploma –, seja através de programas de investigação conjuntos, suportados por agências de ambos os países. “O maior inimigo, aqui, é um pecado muito velho, aparentemente tão mortal em Portugal como no Brasil: a burocracia, particularmente a que se refere aos vistos de residência”, lamenta Paulo Serra, que conclui: “Talvez fosse tempo de, em vez de continuarmos a falar de entidades abstratas como “lusofonia” e outras, darmos passos efetivos para a construção de um verdadeiro espaço comum, que englobasse os países que têm o português como língua oficial – e isso também ao nível do Ensino Superior e da investigação”. |
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