Alex D'Alva Teixeira e Ben Monteiro são a dupla por detrás dos "D'Alva". A banda lisboeta que surgiu em 2014, não tem parado de espalhar a sua pop de norte a sul do país. "#batequebate" é o disco de estreia da banda que vai marcar presença na edição de 2015 do Festins. O Urbi entrevistou os D'Alva e ficou a conhecer as origens da banda, o caminho já percorrido e as expetativas para o concerto do dia 20 de Agosto no festival que tem lugar em Alcains.
UrbietOrbi: Como e quando surgiram os "D’Alva"?
D'Alva: Começamos a trabalhar juntos num EP em nome de "Alex D’Alva Teixeira" por insistência do Ben. Durante o processo a nossa relação musical e não só foi-se estreitando, e a determinada altura fez sentido criar algo de ambos, e é aí que nasce D’Alva.
Urbi: Qual é a origem do nome "D’Alva"? Tem algum significado especial?
D'Alva: D’Alva é um dos nomes do meio do Alex. Desde o início que o Ben sentia que esse deveria ser o nome do projecto. Com o passar do tempo o Alex percebeu. É um nome muito bonito, graficamente como foneticamente, e mesmo a nível do que significa: Branco, imaculado, puro.
Urbi: Desde que surgiram como é que tem sido o percurso dos "D’Alva"?
D'Alva: Tem sido excelente! O nosso disco saiu há pouco mais de um ano, e ainda não parámos, passando obviamente por bastantes concertos por esse país fora, mas conseguimos, não sabemos bem como, reunir o consenso da crítica mais alternativa assim como a mainstream, como do público, e parece que participamos sem querer no resgate da Pop portuguesa da obscuridão. As pessoas parecem ter perdido o medo do género Pop.
Urbi: Que estilo de música é o dos "D’Alva"?
D'Alva: Abrigamo-nos sob o "guarda chuva" da Pop, pois acima de tudo fazemos canções, directas, honestas e tentamos que sejam super orelhudas, e depois a Pop permite-nos explorar vários universos em termos de estilos musicais, o que nos agrada bastante, mas bebemos influências a todo o lado que tanto vão da Pop portuguesa dos anos 80 (nas canções) aos Buraka Som Sistema (no ritmo e perfomances ao vivo), tentamos estar algures aí no meio.
Urbi: Falem-nos um pouco do vosso primeiro álbum. Que tipo de músicas podemos encontrar em "#batequebate"? E porquê a escolha do tema "Frescobol" para single?
D'Alva: Em #batequebate há uma canção para cada pessoa. Temos canções mais solarengas, outras que apelam à dança, outras mais puxadas, e terminamos com uma canção muito íntima. Quisemos que fosse uma viagem para quem escuta, quisemos pintar um quadro com todas as cores que tinhamos à mão. Escolhemos a "Frescobol" pois desde o início que a fizemos que sentíamos que tínhamos algo especial em mãos, e fez sentido para nós na altura lançar-mo-nos com ela, era a canção que mais definia quem éramos naquele momento...e resultou!
Urbi: A NOS Discos teve um papel muito importante no vosso disco. Como é que surgiu essa oportunidade de disponibilizarem o vosso álbum online de forma gratuita e que importância é que esse processo teve para que o público conhecesse a vossa música?
D'Alva: Foi importante mesmo, e de várias maneiras. O facto do disco estar disponível de forma gratuita foi um "selling point" para nós, pois queríamos era que chegasse o mais rápido possivel ao público, e depois existe o factor de ser uma plataforma que não independente, mas também não é uma major, o que nos proporcionou bastante flexibilidade para fazermos as coisas como queríamos. Fomos mesmo muito bem recebidos pelo Henrique Amaro (que nos estendeu o convite) e pela Maria João Fortes, esta dupla dinâmica que nos ultimos anos garantiu que a edição de (nova) música portuguesa não morresse.
Urbi: Como funciona o processo de criação dos "D’Alva"? São vocês que escrevem os vossos temas e compõem?
D'Alva: Sim somos nós que escrevemos as nossas canções, (não gostamos do termo "tema" por ser muito impessoal). Compomos, escrevemos, o Ben grava e produz. O processo de criação nunca é necessariamente o mesmo mas é-nos familiar. Ora vem um ritmo primeiro, ou uma letra, ou uma melodia, ou um riff, depois é explorar isso ao máximo, e encontrar a canção.
Urbi: Quais as bandas ou artistas que vos servem de referência? É neles que se inspiram ou onde vão buscar ideias para os vossos temas?
D'Alva: Ouvimos muita coisa, e desde que começámos a tocar ao vivo conhecemos ainda mais músicos, que fazem música completamente diferente do que nós fazemos, e tudo isso contribui ainda mais para a nossa cultura musical super ecléctica. Estamos sempre a ouvir coisas novas, e a permitir-nos ser influenciados por isso. Ouvimos desde Spice Girls, a Nirvana, Lena D’Água, a Blood Orange ou Kindness, a Buraka Som Sistema, ou mesmo às coisas do Branko, Diplo, e ouvimos bastante K-Pop, A$AP Rocky, Kendrick Lammar, James Blake, e a lista continua a crescer.
Urbi: Os "D’Alva", portanto, o Alex e o Ben, são designers certo? Quando tiravam a vossa formação nessa área já faziam música? O espírito criativo enquanto designers ajuda na música?
D'Alva: Somos designers com backgrounds diferentes, mas sim o processo acaba por ser relativamente semelhante. É preciso fazer música de forma instintiva, mas há sempre uma altura em que é preciso pensar na música que se está a fazer, contextualizá-la, fazer um brain storming, definir um caminho e segui-lo. Porque a música apesar de ser uma coisa profundamente emocional, também precisa de ser cerebral.
Urbi: De todos os temas que os “D’Alva” já têm, existe algum especial? Que seja o vosso preferido? Porquê?
D'Alva: São todas especiais, pois todas marcam uma altura muito específica no tempo, no que estávamos a viver, o que estávamos a sentir e a querer dizer. A “Frescobol” é muito especial pela maneira como nos abriu as portas para o coração do público português.
Urbi: Vocês vão estar no próximo dia 20 no Festins, em Alcains. Como é que surgiu essa oportunidade e quais as expectativas para esse concerto?
D'Alva: Não sabemos exactamente como surgiu a oportunidade para ser sinceros, mas continuando na tónica da sinceridade, estamos a ser cabeça de cartaz num dos dias, e nos dias seguintes os artistas que ocupam essa posição são Paus e Clã! Tem acontecido bastante neste verão o nosso nome subir na ordem dos alinhamentos em festivais, e ainda estamos meio incrédulos como conseguimos esse feito em tão pouco tempo, mas sentimos imediatamente o peso da responsabilidade, o que nos faz querer tocar ainda mais e melhor. Esperamos que o Festins seja como a sua imagem "corporate": Uma festa hiper colorida, e algo nos diz que é isso mesmo que vamos encontrar!
Urbi: Quais é que são os vossos projetos para o futuro para além de "#batequebate"? Para quando um novo álbum?
D'Alva: Já fazemos música nova, mas não estamos a pensar em álbum para já. Há imensas coisas que ambos podemos fazer fora de D’Alva, em particular o Ben, a produzir cada vez mais artistas, portanto tentamos sentir o que é certo fazer em determinada altura, e faze-lo. Por enquanto colocamos as nossas atenções no verão e em tocar ao vivo, quando essa season acabar, reunimos, e logo vemos.
Urbi: Deixem um convite aos leitores/ouvintes para assistirem ao concerto do dia 20 de Agosto, no Festins, em Alcains.
D'Alva: Se há coisa que é especial para nós são as performances ao vivo. Desde o início que foi um objectivo que quem nos visse não esquecesse, se conhecesse a nossa música ou não. Podíamos tentar vender D’Alva, mas na verdade sentimos que o que se tem dito das nossas performances fala por nós. O ano passado fizemos o NOS Alive e na grande maioria das publicações e mesmo na blogosfera, D’Alva foi tido como um dos concertos revelação, nesse mesmo ano esgotámos o Music Box em Lisboa por duas vezes, na D’bandada no Porto também nos apontaram como um dos melhores concertos, no início deste verão enchemos a sala Under Stage do Rivoli no Porto e o CCB em Lisboa, este ano no Super Bock Super Rock mais uma vez fomos referidos como um dos melhores concertos, e ainda esta semana saiu uma notícia a dizer que fomos o melhor concerto do Festival Bons Sons. Isto não somos nós que dizemos, isto é o que quem nos tem visto diz, e escreve, portanto das duas uma: ou andamos a pagar a muita gente, ou de facto algo especial está a acontecer, e é de facto isso que sentimos, que há algo de especial no ar. Não há uma ponta de falsa modéstia em nós, há sim consciência de muito trabalho da nossa parte e de quem partilha palco connosco, para que quando as pessoas nos vêm ao vivo, não seja "apenas um concerto". No entanto podemos sonhar, planear tudo, ensaiar muito, mas no final do dia há algo muito particular que só acontece quando a música "embate" no público e este a devolve, e aí todos sentimos que há algo particular a acontecer, há uma ligação especial e isso é difícil de transmitir! Poderíamos tentar explicar o que acontece, mas o melhor mesmo é as pessoas virem por si, e virem preparadas para sorrir e dançar.