Perto de uma centena de alunos da disciplina de Engenharia de Software, dos cursos das engenharias Informática, Tecnologia e Sistemas da Informação e Eletrotécnica e de Computadores foram desafiados a aprender, fazendo. E fizeram-no através de uma parceria estabelecida entre a Universidade da Beira Interior (UBI) e a OutSystems.
O repto passou por fazer projetos esta empresa portuguesa de sotfware, com utilização da sua metodologia, como se se tratasse de um ambiente real de trabalho. Uma forma de aprendizagem com exigências diferentes daquela que acontece nas salas de aula, como foi sublinhado na cerimónia de entrega de prémios aos três grupos que conseguiram os resultados, na quinta-feira, dia 23 de junho.
“Na Universidade estamos a dar-lhes competências que depois lhes permitem ajustar-se, quando estiverem a trabalhar, mas o processo é mais eficiente se nós, desde logo, tentarmos formá-los para aquilo em que eles vão fazer”, explicou ao Urbi@Orbi, João Paulo Fernandes, o docente de Engenharia de Software, que realiza este tipo de atividades há três anos.
O sucesso do que foi realizado é avalizado por Vera Tiago, elemento da empresa que acompanhou de perto o que era feito pelos alunos. “Todos desenvolveram o mesmo software, na plataforma que usamos, e com os mesmos requisitos. Dos grupos vencedores, temos código que podemos aproveitar, porque foi mesmo uma mais-valia o que eles fizeram”, refere.
Esta é uma perspetiva de ensino que a UBI quer incentivar e da parte dos responsáveis da instituição há o apoio para mais projetos como este. Mário Raposo, que representou a Reitoria na entrega de prémios, lembrou que a UBI apoia todos os Departamentos que queiram utilizar este método.
“É importante que os cursos tenham uma boa componente científica, mas também é fundamental que os alunos comecem desde logo a ver em algumas cadeiras de que modo é que os conhecimentos que estão a receber podem ser aplicados à realidade prática de uma empresa”, afirmou o vice-reitor para a área Financeira e de Projetos.
Os alunos aprenderam, mas há mais frutos a retirar da experiência. Nomeadamente, na abertura de perspetivas de trabalho. A OutSystems, que tem sede nos Estados Unidos, emprega mais de duas centenas de colaboradores em Portugal, nas unidades de Linda-a-Velha e Proença-a-Nova. Para as instalações do distrito de Castelo Branco, onde estão 40 pessoas, está em processo de ampliação de postos de trabalho já neste verão.
Se os estudantes envolvidos estão apenas no segundo ano, também foram “observação” como futuros talentos. “Temos sempre interesse nas universidades para desenvolver o nosso produto, para que as pessoas aprendam e saibam o que é o OutSystems e a nossa plataforma”, disse Ricardo Araújo, da OutSystens, um dos convidados para a cerimónia, que acrescentou: “Também queremos identificar pessoas que possam trabalhar para nós. O nosso ecossistema é alargado e termos necessidade de profissionais”.
O processo funcionou com elogios de todos os participantes, pelo envolvimento que ambas as entidades estabeleceram. João Paulo Fernandes admite que teve alguma reserva inicial apenas pelo facto dos alunos terem de utilizar a metodologia de desenvolvimento que a OutSystems utiliza nos seus projectos, porque isso necessitaria de um acompanhamento constante por parte da empresa, ao longo do desenvolvimento dos trabalhos. Acabaram por ser dissipados com o interesse e a disponibilidade demonstrada pelo parceiro desta iniciativa. “Houve de facto muita vontade da parte da Outsystems, que esteve reunida connosco quatro vezes ao longo do semestre”, explica o docente do Departamento de Informática, da Faculdade de Engenharia.
Além do trabalho, que serviu para a avaliação da disciplina, esta colaboração também permitiu a três estudantes obter uma certificação profissional da OutSystems.