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Futuros médicos recebem Bata Branca e entram no Ciclo Clínico da formação
Rodolfo Pinto Silva · quarta, 13 de maio de 2015 · @@y8Xxv Chegou a hora de 134 estudantes de Medicina da Universidade da Beira Interior continuarem a sua formação em ambiente clínico. Na Cerimónia da Bata Branca foram alertados para a necessidade da humanização no contacto com os doentes. |
A Cerimónia encheu Grande Auditório da Faculdade de Ciências da Saúde |
21989 visitas Foi um ato simbólico, mas onde se falou muito de responsabilidade e humanismo. Um total de 134 alunos do terceiro ano do Mestrado Integrado em Medicina foram os principais protagonistas da Cerimónia da Bata Branca, organizada na Faculdade de Ciências da Saúde (FCS). Acaba o ciclo mais teórico do curso e os futuros médicos vão enfrentar aquele que será o grande desafio das suas carreiras: lidar com os doentes em ambiente clínico. Uma atividade que exige um grande sentido de humanidade, como alertaram os intervenientes da sessão de sexta-feira, dia 9. O Grande Auditório estava cheio. Não só porque o número de alunos ultrapassava a centena, mas também porque muitos familiares e amigos quiseram assistir à iniciativa, onde os estudantes ouviram os alertas e conselhos de quem faz e ensina medicina há vários anos. Ouviram-nos de Luís Taborda Barata, presidente da FCS da Universidade da Beira Interior: “Usar a bata branca significa estarmos alerta para aspetos psicológicos, éticos antropológicos, sociológicos, técnicos e científicos. E ter empatia com os doentes, que não são números. São pessoas”; De Miguel Castelo Branco, diretor do Mestrado Integrado: “Os papéis do médico não são exclusivamente aqueles relacionados com a nossa competência técnico-cientifica, mas muito mais do que isso. Penso que nas palavras do Paulo Pinheiro ficou muito claro que uma grande parte do papel do médico tem mais a ver com o aspeto relacional do que apenas com o aspeto técnico-científico que, obviamente sendo fundamental, não é a única parte importante”. A referência a Paulo Pinheiro, presidente do MedUBI, o núcleo de estudantes de Medicina, reportava-se a um testemunho deste estudante, que recebeu a Bata Branca no ano passado. Meses depois, a passagem pelos corredores do hospital já lhe tinha proporcionado experiências que partilhou com os colegas. As memórias: “Um senhor que só me agradecia o facto de eu estar a falar com ele. Bastava falar, bastava ouvi-lo a desabafar e isso já o fazia sentir bem”. E a criança com incapacidade de andar e cujas tentativas lhe tinham tirado o sorriso. “E ao longo de uma semana acompanhei-a, e ao fim dessa semana, vi pela primeira vez o sorriso daquela criança. E percebi, de alguma forma tive quase como em conta quase um milagre bíblico. Não foi o milagre das rosas nem da multiplicação, mas quase que vi ali o milagre de uma Bata Branca”, contou. E a Cerimónia prosseguiu, até ao momento alto, a entrega das batas, seguida do Ato Solene de Compromisso de Honra, lido pelo futuros médicos, e a foto de conjunto. Mas antes, palavra ainda para o representante da Reitoria da UBI, o vice-reitor João Canavilhas, que trazia do reitor, António Fidalgo, votos de “maiores felicidades para a nova etapa” dos estudantes. O responsável pela área do Ensino, Internacionalização e Saídas Profissionais fez a ponte para a importância da saúde na Universidade, cuja Faculdade já formou 644 médicos, estando este ano inscritos no último ano 126 alunos, de um total de 872 em formação. A FCS constitui o triângulo de um sector que inclui uma estrutura, o UBIMedical, onde a Universidade quer também “trabalhar muito no campo da investigação”, disse, acrescentando que se criou “um ecossistema [com a FCS e o Hospital Pêro da Covilhã] que nos parece muito favorável a que o curso tenha um bom desenvolvimento”. Curso esse que irá ser avaliado pela A3ES no próximo ano, teste para o qual a UBI já se está a preparar há dois anos, segundo disse. Já foi feita uma pré-avaliação através de um grupo liderado por João Lobo Antunes, que deixou algumas indicações, e há uma outra comissão de auto-avaliação que estará em breve na Universidade, composta por especialistas nacionais e internacionais, entre os quais o Bastonário da Ordem dos Médicos, que virá também para ajudar. "Estamos em crer que estão a ser corrigidos os problemas que tínhamos, como qualquer organização tem, de modo a termos um curso exemplar, porque foi para isso que ele foi criado”, afirmou João Canavilhas. José Manuel Silva, o Bastonário, estava presente. Não se referiu a essa avaliação, até porque não era o momento, lembrado antes as cinco competências básicas que considera que um bom médico deve ter: “Um curso de Medicina deve formar os jovens para serem excelente clínicos gerais, excelentes emergencistas - em que não temos tempo para pensar - excelentes investigadores, dentro do conceito de que cada ato médico deve ser um ato de investigação, e serem pessoas de ética e bons comunicadores”. A comunicação, no fundo ligada à tal humanização que esteve sempre presente nas intervenções, serviu para ligar a uma crítica apontada ao desinvestimento no Serviço Nacional de Saúde (SNS). “Infelizmente este tempo de comunicação com o doente está a ser posto em causa pela burocratização, mercantilização e redução do SNS. As estatísticas são muitas vezes manipuláveis, e as estatísticas do SNS têm muita manipulação pelo meio. A verdade é que no SNS, por força de se colocar a estatística no centro do sistema, retirando doente do centro da preocupação do médico, faz com que se perca humanidade e qualidade. Não devemos permitir que isso aconteça nunca”, alertou, dirigindo-se aos futuros médicos. |
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