Assinalou-se no passado dia 18 de abril o Dia Internacional dos Museus e Sítios. Na Covilhã, as comemorações decorreram nos dias 17, 18 e 19, com um conjunto de atividades das quais se destacam exposições, animação cultural, uma caminhada e o lançamento de um catálogo/roteiro alusivo ao património da Ribeira da Carpinteira.
O programa resultou de uma parceria entre a Câmara Municipal da Covilhã, o Clube do Professor desta cidade e do espaço criativo New Hand Lab.
As comemorações integraram ainda o II Encontro de Investigadores e Escritores do Concelho da Covilhã, que teve como tema o “Património Cultural Imaterial: Identidade, Imaterialidade e Responsabilidade”.
Este encontro decorreu, no passado sábado, no New Hand Lab. O local foi escolhido, segundo os organizadores, por ser “um bom exemplo daquilo que se pode fazer no futuro em termos de proteção do património”. Nas palavras de Francisco Afonso, responsável pelo espaço, “a fábrica deu lugar a um espaço
que acolhe vários criadores e artistas do concelho”. O espaço foi transformado numa reserva da memória e identidade covilhanense, mas é também um repositório de máquinas e utensílios relacionados com a indústria e as gentes da Covilhã, um local a merecer uma visita.
O encontro, segundo Luís Adriano, do Clube do Professor, pretende “colocar em debate a questão do património cultural, material e imaterial, identificar as responsabilidades e contribuir para perceber o que terá a Covilhã de fazer no futuro”. Referiu ainda que “o objectivo destes encontros só será alcançado com o cruzamento de fios, ideias e conhecimentos”.
Deste encontro, destaca-se a palestra proferida pelo Prof. António dos Santos Pereira, catedrático da UBI e director do Museu de Lanifícios, cujo tema foi “A preservação do património cultural imaterial. Quem deve assumir as responsabilidades?”
Questionando-se sobre o que é a cidade, o património e o turismo cultural, o palestrante proporcionou a todos os presentes, nas palavras de António Pires, moderador do debate “Uma aula muito importante e enriquecedora, uma verdadeira viagem pela história da Covilhã”.
Segundo Santos Pereira, “O património manifesta-se pela oralidade, pelos espectáculos, pelo pensamento organizado em livros e pelos objetos materializados”. Enumerou, de seguida, alguns aspectos do rico património da Covilhã: vestuário (burel, safões, chapéu de aba larga), alimentação (chanfana, mel de urze, pastel de molho, queijo serra da estrela), associativismo, espectáculos, artesanato (bordados, cestaria) e tradições e expressões orais (franciscanismo, cultura de oposição).
A sua “aula” prosseguiu abordando o tema do turismo cultural, apresentando uma proposta de roteiro para a “Real Fábrica dos Panos, Museu de Lanifícios, Museus da cidade”. Propôs, igualmente, uma viagem pelos diferentes tipos de património, nomeadamente o geológico (glaciações, vales em U, Minas da Panasqueira), biológico (Parque Natural Serra da Estrela, Mata Nacional da Covilhã), económico (lã, metalurgia, feiras e mercados), institucional (Câmara Municipal, escolas), pessoal (Frei Heitor Pinto, José Terenas, Campos Melo, José de Almeida Eusébio), arqueológico (Castro de Orjais) e a cultura de fronteira (norte/sul, pontes como a de Casegas).
O dia foi longo e repleto de atividades, mas muito interessante e gratificante, na opinião dos participantes. Ficou a intenção de continuar a realizar encontros deste tipo bem como a necessidade de criação de um centro de estudos. “Apesar de haver ainda muito caminho a percorrer, o mesmo é possível, a bem do património, da memória e da identidade covilhanense”.