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Oficina de Teatro apresenta o ''Evento Cultural''
Ana Paula Correia · quarta, 8 de abril de 2015 · Na Sociedade Louis Pasteur, antiga Sociedade Heredia, para o Fomento das Artes, Ciências e Indústrias de São Rafael de Ejido, as personagens enfrentam o drama de apresentar O Evento Cultural, contando com a esperança de manterem a Associação viva, pensam eles, e em funcionamento. |
Personagens: Hermínia, Cosme, Amadeu, Antonieta, Francisco Xavier e Purificação (foto de Fernando Landeira). |
22031 visitas O ator e encenador da Oficina de Teatro Covilhanense, Pedro da Silva, reagrupa alguns atores do projeto para dar vida ao "Evento Cultural", uma leitura encenada de José Ignácio Cabrujas. ''É uma tragédia humana em que cada personagem vive o seu drama, de forma isolada'', explica. Ao lutarem apenas pelos seus interesses pessoais, estas personagens que querem ser tudo acabam no vazio, na solidão do seu ego. “A peça O Evento Cultural é o escape de uma associação que já nada tem a oferecer. Falta saber se alguma vez fez valer o seu poder de oferecer o que quer que seja à sua população”, refere. No dia em que se celebrou o Dia Mundial do Teatro, a Louis Pasteur, uma associação sem fins lucrativos, anseia por apresentar ao público, através das suas seis personagens, a peça de teatro "Cristóvão Colombo, o Genovês Alucinado". A peça vai servir-lhes de alimento para que se mantenham vivas. A sua circunstância encontra-se no encerramento ou continuação dos projetos daquela associação. Rafaela Ciríaco, atriz que dá vida a Purificação, explica que “as personagens querem muito viver. Sem o Genovês Alucinado estariam mortas. E é por isso que a associação nunca irá fechar. Mais que fazer bom ou mau teatro, o que elas querem sobretudo é estar em cima do palco”. A certa altura as personagens começam a confundir a realidade com a ficção, e demonstram crises existenciais, como sucede com Cosme. A comédia, que para alguns acaba em tragédia, aborda essencialmente as questões: “Para onde vamos? Em que é que nos inscrevemos? Será que nos alienamos demasiado, querendo existir, e acabamos por viver na ficção? Afinal porque é que estás onde estás? Quais são os teus objetivos?” O propósito da apresentação do espetáculo é fazer o público da região pensar, enquanto indivíduos e cidadãos, ao servirem-se da sua consciência. “O objetivo do teatro é criar consciência coletiva. A arte promove a discussão e só faz sentido se sensibilizar. Já chega de fazer arte sem qualquer sentido, como a Associação Louis Pasteur. Os eventos culturais são tudo menos culturais”, explica Pedro da Silva. Depois de uma conversa que motiva o debate e o esclarecimento de dúvidas, Pedro da Silva, encerra a sessão com a célebre citação de Frederico Garcia Lorca: “O teatro é um dos mais expressivos e úteis instrumentos para a edificação de um país e é um barómetro que assinala a sua ascensão ou queda. Um povo que não ajuda e não fomenta o seu teatro, se não está morto, está moribundo; da mesma forma, o teatro que não recolhe o pulsar social, o pulsar histórico, o drama das suas gentes e a cor genuína da sua paisagem e do seu espírito, pelo riso ou pelas lágrimas, não merece que se lhe chame teatro, mas sim sala de jogo ou local para fazer essa coisa horrível que se chama matar o tempo.” Para breve projetos como a peça “OK”, uma adaptação de David Ives, e “Um homem é um homem” de Bertolt Brecht, estarão disponíveis ao público.
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