Convidados pela Coolabora, com quem o artista João Lourenço trabalhou várias vezes, foi voluntariamente que, a partir de um “um encontro improvável entre artistas”, aceitaram o desafio de dar corpo à exposição.

Tratou-se de mais uma ação para sensibilizar e consciencializar a população para esta prática criminal, que segundo a Associação de Intervenção Social Covilhanense Coolabora “não interessa só às mulheres”, mas que “diz respeito a todas as pessoas que se empenham na construção de uma sociedade mais justa e respeitadora dos direitos humanos”.

A exposição “Os Olhos do Medo” incorpora dentro do tema “a igualdade de Género” situações como a violência na conjugalidade, o assédio sexual, o tráfico de mulheres ou a mutilação genital, que de acordo com a Coolabora “são exemplos tenebrosos de atentados à dignidade, à integridade física e psicológica, isto é, a direitos humanos basilares”.

A solidariedade dos artistas que serviu de motivação para a criação da obra exposta, mostra, nas palavras de Rosa Maria Carreira, sócia fundadora da Coolabora, que “o sensibilizar através da arte é das formas mais humanas e criativas capazes de esperançar as vítimas. Nem tudo tem que ser trágico e decisivo, há sempre um lado positivo e solucionador”.

O conto apresenta-se fragmentado em doze quadros expostos, acompanhados pelas ilustrações que constroem o seu imaginário de personagens. Evidenciam-se sublinhadas em cada fragmento frases como “a primeira pancada apanhou-a de surpresa”, “o domínio da irracionalidade”, “toda a gente sabe e finge ignorar”, entre outras.

Desde 2008, que a Associação Coolabora atua sobre a igualdade de género, nomeadamente a problemática da violência doméstica, conduzindo estes assuntos sociais para diferentes géneros artísticos como o teatro e as artes plásticas. O seu objetivo prioritário é consciencializar a população, partindo de uma intervenção mais direta através do meio artístico, mas também promovendo sessões e jogos didáticos realizados em escolas com professores e alunos, e ações de esclarecimento com enfermeiros, polícias, etc. “Tentamos utilizar casos em que a profissão seja capaz de veicular estereótipos de género e que de alguma maneira possam contribuir para que se reduzam as desigualdades”, explica Rosa Carreira.