Balbina Mendes dedicou-se à realização de mais de trinta quadros onde são retratadas máscaras regionais de Trás-os-Montes e Alto Douro e que se encontram expostos até ao final da semana na Covilhã. A mostra que está a correr o país teve início em Bruxelas e já passou por vários locais como Zamora e Estados Unidos da América. A pintura destas máscaras foi a forma que a artista encontrou para que "estas memórias se possam prolongar no tempo".

Na parte inicial da exposição encontram-se pinturas das máscaras tradicionais retratadas pela artista, mais adiante as máscaras fazem-se acompanhar de rostos e corpos humanos, levando a artista a afirmar que "foi um processo natural a passagem para os rostos humanos, quer se mostrem ou se ocultem atrás da máscara" acrescentando que "são corpos em movimento, rituais, tramas, narrativas de sacralidade e paganismo, sem abdicar do real como referência". Esta transição demonstra que quando um indivíduo encarna a personagem que a máscara representa "transforma-se, ganha um novo estatuto que lhe permite poderes e liberdades incomuns" refere Balbina Mendes. Quando se diz "Tira a máscara!" está-se a dizer "Mostra-te!", o que leva a que o individuo, que se encontra submerso na personagem, se questione "o que sou é com a máscara ou sem ela?".

A interpretação de cada máscara parte de cada pessoa. Podem ser associadas à “clareza e obscuridade, ao explicável e àquilo que não se deixa traduzir, à norma e à transgressão, à vida e à morte”.

Continuando a retratar a misticidade da máscara, o envolvimento afetivo, a cromática visível nos rituais e a emoção da dicotomia entre o profano e o sagrado, tudo isto foram razões para que a artista ilustrasse um tema que continua a alimentar as suas obras.

Na sequência da abertura desta exposição foi exibido um documentário designado “O Mundo das Máscaras”, também de Balbina Mendes, seguido de uma conferência que contou com a presença de António Pinelo Tiza, Presidente da Associação de Máscaras Ibéricas, e um workshop artístico de teatro e design, integrado nos XIX Colóquios Juvenis de Arte relacionados com o tema “Os fios que tecem a arte”.