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Três livros dedicados às letras e arte da região, África e Brasil
Rodolfo Pinto Silva · quarta, 25 de fevereiro de 2015 · @@y8Xxv São três as mais recentes obras do Departamento de Letras que se dedicam às ligações entre Portugal, África e Brasil, à personagem feminina nos contos de Mia Couto e a José Marmelo e Silva, escritor que viveu no século XX e é natural da Covilhã. |
A apresentação decorreu na tarde de quinta-feira, dia 19 |
21985 visitas Três livros, três temáticas distintas, mas com uma linha comum: estabelecem laços entre diversos quadrantes geográficos da língua portuguesa. As obras reúnem a vertente local e nacional – no trabalho sobre o escritor nascido no Paul, José Marmelo e Silva – e espaço lusófono, com uma ponte às letras dos países lusófonos de África e Brasil. “Portugal Brasil África: relações históricas, literárias e cinematográficas”, coordenado por Cristina Costa Vieira, Paulo Osório e José Henrique Manso, “A personagem Feminina nos Contos de Mia Couto”, de Teresa Correia, e “A Sedução da Ficção. Atas do Colóquio do Centenário do Nascimento de José Marmelo e Silva”, coordenado por Arnaldo Saraiva tiveram apresentação oficial na quinta-feira, dia 19. A cerimónia promovida pelo Departamento de Letras da Faculdade de Artes e Letras da Universidade da Beira Interior (UBI) serviu para mostrar o trabalho que é feito dentro do Departamento, ao mesmo tempo que destaca o Português, uma das línguas mais faladas do mundo, como destacou Henrique Manso e que está a assinalar 800 anos.
TRIÂNGULO DE PORTUGUÊS Em nove países do mundo fala-se, então, a língua de Camões e cinco localizam-se no continente africano. Para que o triângulo de um dos livros fique completo junte-se Portugal e Brasil. “As relações históricas, literárias e cinematográficas” resulta de uma coletânea de textos escritos a partir de um congresso que teve lugar na Universidade da Beira Interior e assume-se como uma publicação “multidisciplinar, que recolhe textos sobre literatura, cinema, história e cultura”, descreve Paulo Osório, presidente do Departamento de Letras. Pires Laranjeira, a quem coube a apresentação e análise da obra, não se escusou a apontar “pequenas falhas de pormenor” em alguns artigos, que não beliscam a avaliação final. “É um livro importante, denso que deveria ter outra divulgação para além da região Centro. Tem peças desassombradas, que não têm entraves de nenhuma espécie. Nem político, nem ideológico, nem cultural e até do ponto de vista dos afetos”, disse o docente da Universidade de Coimbra, destacando a importância do estudos das letras neste âmbito.
A MULHER EM MIA COUTO “A personagem Feminina nos Contos de Mia Couto”, de Teresa Correia, mantém as coordenadas, nas letras africanas, ou não fosse Mia Couto o escritor moçambicano mais traduzido, como lembrou Cristina Vieira. A docente da UBI, no entanto, destacou que a publicação que resultou de uma dissertação de mestrado defendida na instituição covilhanense tem uma vocação universal. “A condição da mulher moçambicana está aqui representada”, disse a apresentadora do livro, salientando que “infelizmente são personagens nas quais a mulher portuguesa, uma mulher asiática se podia rever”. Ainda segundo Cristina Vieira, Mia Couto “escreve não apenas para um público moçambicano, mas já para um público mais vasto”. A tripla apresentação – apadrinhada por Paulo Serra, presidente da Faculdade de Artes e Letras, e António Fidalgo, reitor da UBI – terminou aproximando o foco ao nacional e local.
MARMELO E SILVA: O RETRATO DA BEIRA José Marmelo e Silva, nascido no Paul, no concelho da Covilhã, foi tema de um congresso na UBI, aquando do centenário do seu nascimento, em 2011, e essa reflexão resultou também em livro. Uma homenagem a um dos mais importantes escritores portugueses do século XX, como considerou Fernando Paulouro Neves, também ele um homem das letras e do jornalismo da região. Foram compilados 11 ensaios sobre a obra de José Marmelo e Silva, “numa diversidade muito interessante, mostrando a originalidade do escritor”, disse ainda. Fernando Paulouro Neves lembrou que Marmelo e Silva foi um escritor “altamente comprometido com a realidade”, tendo dito que as descrições das paisagens da Beira: “Basta o começo de ‘Adolescente Agrilhoado’ para fazer um retrato espantoso da Covilhã e percebermos o que é o rural e a cidade. Depois na a descrição do Zêzere, na descrição daquilo que é o trabalho de grande opressão que era o trabalho da Mina da Panasqueira”. |
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