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Alunos de Design Industrial propõem soluções para a Pediatria
Rodolfo Pinto Silva · quarta, 11 de fevereiro de 2015 · @@y8Xxv Estudantes do terceiro ano do curso da UBI desenvolvem produtos que sugerem algumas soluções para o quotidiano hospitalar. Resultado de uma parceira entre faculdades da Universidade que é elogiada e vai continuar. |
Os projetos foram dados a conhecer na Faculdade de Ciências da Saúde |
21978 visitas Como melhorar equipamentos hospitalares no Serviço de Pediatria? Este foi o desafio lançado aos alunos da disciplina de Design do Produto III, da licenciatura de Design Industrial, e os resultados foram apresentados na última semana, às duas entidades envolvidas nesta parceria estabelecida entre a Universidade da Beira Interior (UBI) – através das faculdades e Artes e Letras, Engenharia e Ciências da Saúde – e o Hospital Pêro da Covilhã. “Achei que há alguns projectos interessantíssimos, com soluções muito engraçadas e inteligentes. Há outros menos bons, mas essa é a ordem natural das coisas. Há alguns com capacidade de terem aplicabilidade na vida hospitalar diária. Muito claramente”. Carlos Rodrigues, diretor da Pediatria da unidade hospitalar covilhanense, resumia desta forma o que viu na exposição dos 11 projetos finais, que teve lugar na Faculdade de Ciências da Saúde (FCS), na quarta-feira, dia 5. O processo começou com uma ideia lançada pela Reitoria de pôr as faculdades a trabalhar mais proximamente, lembra Ernesto Vilar, docente da disciplina de Design do Produto III e que no âmbito da mesma idealizou esta forma de pôr os alunos a desenvolver dispositivos que servissem ao Hospital. Ao longo de quatro meses, os alunos foram ao hospital, assistiram ao trabalho dos profissionais, perceberam as reações dos pacientes e projetaram alguns dispositivos que agradaram aos avaliadores: Luís Taborda Barata, presidente da FCS, Carlos Rodrigues, e Rosa Machado, enfermeira-chefe da Pediatria.
OS PROJETOS Entre os que despertaram maior atenção estão um dispositivo de arrumação de instrumentos para a sala da colecta de sangue, uma bandeja de refeições que se adapta a adultos e crianças, um distrator para crianças a serem tratadas através de infusões, uma cadeira de rodas para uso hospitalar – que pode ser mais barata e com melhor arrumação –, uma haste de soro que facilita a arrumação e é mais eficaz para se ligar a vários equipamentos, um estetoscópio de utilização mais fácil em crianças e uma cadeira que se transforma numa cama ou, mesinha de cabeceira. Idealizados por alunos do terceiro ano, “não são produtos finalizados”, como salienta Ernesto Vilar, que teriam de entrar num ciclo normal de desenvolvimento aprofundado e testes. “Mas já existe a concretização da solução”, acrescenta o docente do curso que é partilhado pelas faculdades de Artes e Letras e Engenharia. Alguns destes dispositivos, no entanto vão ser patenteados, o que demonstra a mais-valia do processo que colocou os alunos perante problemas reais. “Eles estão maravilhados com os feedbacks que receberam dos médicos. Eles descobriram que falar com pessoas reais, desenvolver para pessoas reais e ter um projeto aplicado é muito mais nutritivo do ponto de vista pedagógico”, considera.
MODELO DE ENSINO ASSENTE NA REALIDADE É este modelo de ensino que está a ser incentivado no curso ao longo dos últimos anos, acrescenta Ernesto Vilar, e que coloca os estudantes a “pensar na funcionalidade de produtos reais aplicados, nos problemas efetivos que podem ser resolvidos com produtos e design”. Isto resulta da própria configuração do curso de Design Industrial, que coloca engenheiros e designers a pensar juntos nesta metodologia, como de resto acontece em Design do Produto III, onde Ernesto Vilar tem a colaboração do docente Afonso Borges. Mas saindo do próprio processo de ensino, estes projetos são também um exemplo da complementaridade que existe entre estruturas da UBI. “Acho que é importante não parar aqui”, afirma Ernesto Vilar, que acredita no potencial deste diálogo para a UBI, para criar novas áreas de trabalho. Por exemplo, “não há nenhuma escola nacional” a trabalhar nesta área médico-hospitalar: “Acho que poderia ser uma vertente em que os alunos de Design Industrial teriam, porque têm um hospital e a FCS aqui. Provou-se que alunos inexperientes, do penúltimo semestre, conseguem desenvolver coisas reais que se podem concretizar em produtos, com algum sucesso”. No próximo ano, estas incursões dos estudantes no ambiente hospitalar vai continuar, assegura, em outro setor do Hospital Pêro da Covilhã. E da parte da Faculdade de Ciências da Saúde a colaboração é bem-vinda. “Uma pessoa não pode viver isolada, nem nunca foi essa a filosofia da Faculdade”, lembra Luís Taborda Barata, referindo-se às parceiras que a FCS tem com outras estruturas da UBI, e com universidades nacionais e estrangeiras. “No que respeita à UBI, nós vemos isto com olhos e com grande carinho, interesse e emprenho. Já temos tido alguns resultados extremamente positivos de interacções, com outras faculdades, que se tem traduzido não só em propostas de projectos de investigação ou, inclusivamente, em quase protótipos para determinado tipo de produtos. Acho que de facto são apostas correctíssimas e que devem ser aprofundadas”, argumenta. O responsável destaca ainda o aspeto alargado da participação do Hospital, servindo a FCS de pivô de uma ligação que pode “resultar em produtos melhores”. “Gostava imenso que isto servisse de apelo para outras interações porque há potencial para melhorarmos a prestação de cuidados de saúde e, obviamente, aplicarmos noutros âmbitos para além da pediatria”, conclui. |
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