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João Morgado vence Prémio Literário Alçada Baptista
Rodolfo Pinto Silva · quarta, 4 de fevereiro de 2015 · O romance histórico “Gama – O Herói Imperfeito”, sobre Vasco da Gama foi escolhido pelo júri para receber a primeira edição do galardão criado na Covilhã. |
A cerimónia de entrega do Prémio decorreu no dia 29, na data de nascimento de Alçada Baptista |
21968 visitas O covilhanense João Morgado saiu vencedor da primeira edição do prémio literário criado para homenagear aquela que é a principal figura das letras natural da cidade: António Alçada Baptista. A obra tem o título de “Gama – O Herói Imperfeito” e é um romance histórico que revela uma faceta nem sempre visível de um dos vultos da expansão marítima portuguesa e que serve para fazer leituras atuais, por exemplo, do estatuto dos heróis. Cristina Vieira, docente da Universidade da Beira Interior e elemento do júri, estava já no final da intervenção em que justificava a escolha do vencedor quando afirmou que João Morgado “optou por construir uma narrativa verossímil da vingança de Vasco da Gama sobre dos adversários pessoais e políticos de acordo com dados menos conhecidos do grande público, dando-nos uma perspectiva mais humana de Vasco da Gama nas duas imperfeições”. Daqui, acrescenta, devemos estar atentos às lições da história e reflectir se por detrás de um herói, não haverá antes a construção da imagem de herói, algo bem diferente”. Para lá das reflexões desta reflexão, a escolha do vencedor entre 18 obras a concurso, cinco das quais excluídas por não cumprirem o regulamento, deveu-se à “qualidade da literária”, “com uma trama bem urdida e que “demonstra ser ora divertida, ora poética, ora direta nas questões que suscitava ao nível estético, social e político”, disse Cristina Vieira na cerimónia de atribuição do galardão, na quinta-feira, dia 29. Se João Morgado foi o “herói” presente, Alçada Baptista foi o herói ausente, mas sempre presente na cerimónia. Desde a leitura de trechos das suas obras que ocupou parte da ocasião, ao vídeo que foi exibido, mas também pelas evocações. Uma delas, a do vencedor, que considerou o escritor que faria naquele dia 88 anos, “uma referência”. Com ele aprendeu como é que um autor combate as inseguranças em torno da qualidade do que escreve. Recordou uma tarde de conversa em que tentou obter uma opinião sobre uma série de contos, que terminou com a seguinte afirmação de Alçada Baptista: “As coisas publicam-se, uns gostam outros não gostam. É assim com toda a gente”, contou João Morgado. O Prémio promovido pela autarquia é para continuar e com o objetivo de crescer, como anunciou Vítor Pereira. “Concretizamos mais esta iniciativa que não se esgota aqui. Pelo contrário. Acreditamos que este prémio se tornará uma referência nacional para aqueles que fazem da literatura a sua causa maior”. É esta a ambição do presidente da Câmara da Covilhã, que elogiou o homem das letras e o interventor cívico, cuja maior obra foi a sua vida: “Foi homem de letra maiúscula, que viu na sua e nossa cidade e território a partida para uma vida de aventura. Homem de causas, beirão convicto, portador de uma sensibilidade humana e condição artística ímpares. Criador de um universo muito próprio, para o qual as imagens, as cores os lugares e sobretudo as gentes da sua cidade muito contribuíram”. Ao elogiar a “sensibilidade humana” atribuiu à cidade a formação de “uma identidade única”. O galardão prevê a edição da obra vencedora, numa tiragem de 500 exemplares, e um valor pecuniário de 1.500 euros. Nesta primeira edição, o júri atribuiu uma Menção Honrosa ao romance “Dois descarrilamentos e um olho de vidro” de Alexandre Dale. |
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