“Queremos caminhar lado a lado”. Francisca Castelo Branco usou esta formulação em duas ocasiões durante o discurso de tomada de posse como presidente da Associação Académica da Universidade da Beira Interior (AAUBI). Em ambas, a sucessora de Marco Saldanha referia-se ao apoio que pretende dar aos estudantes que têm dificuldades em manter-se a estudar na instituição, mas a mesma tónica pode ser transferida para a relação que a dirigente estudantil quer imprimir ao seu mandato: de proximidade com os alunos e com os órgãos dirigentes das faculdades e Reitoria.

Os tempos difíceis foram uma das tónicas da intervenção de Francisca Castelo Branco, que assumiu na quarta-feira, dia 14, a liderança da “Casa Azul”, nome pelo qual é conhecida a sede da AAUBI. No âmbito dessas dificuldades, é preciso dirigir atenções para os estudantes a passar por dificuldades. “Respondemos com um programa de ação social orientado para as pessoas com maiores carências e aos que mais severamente têm sido atingidos”, anunciou a presidente da Associação, sublinhando que “ninguém pode ser deixado para trás”.

O trabalho irá centrar-se na divulgação dos apoios e no esforço de revisão do regulamento de atribuição de bolsas, a nível nacional, no âmbito dos encontros nacionais de dirigentes associativos.

DESPORTO E REFORMULAÇÃO DOS CURRÍCULOS

A ação social, que já tinha marcado uma parte da estratégia das duas direções anteriores de que Francisca Castelo Branco se considera continuadora, é uma área que estará em foco, tal como o desporto, que funciona também como estratégia de ligação à cidade da Covilhã ou a reformulação pedagógica administrativa, para “adaptar os currículos dos cursos às necessidades dos dias de hoje”, em colaboração com os núcleos de estudantes. E neste particular Francisca Castelo Branco desafia a Reitoria para um trabalho de proximidade. “Digníssimo reitor, este ano reiteramos-lhe a sua proposta feita aqui há um ano. Vamos caminhar juntos?”, perguntou a dirigente a António Fidalgo, acrescentando que a política de acompanhamento que espera ter com a Reitoria – outra das ideias ditas duas vezes no discurso – se estenderá ao Conselho Geral, aos presidentes de faculdade e de departamentos e Provedor do Estudante.

“Mas não só uma política de proximidade visível para os olhos”, salientou. “Saberemos ouvir e debater, como saberemos discordar se tiver de ser, na certeza de que o nosso objetivo é uma concertação de opiniões na defesa dos interesses dos estudantes”, estabeleceu como propósito.

REITOR ACEITA DESAFIO

António Fidalgo ouviu o desafio e respondeu afirmativamente à proposta do diálogo, convicto de que as diferenças não serão muitas: “A Associação deve discordar, mas em 99 por cento dos casos estaremos de acordo e isso é muito fácil de explicar. O nosso objetivo é fazer uma UBI melhor, onde os estudantes saem daqui mais formados e com uma melhor formação humana”.

De resto, a convergência, pode dizer-se, já começou. Ao enfoque dado pela presidente da AAUBI à área social, acrescentou o reitor da Universidade que “os tempos são difíceis” e encontram-se casos de necessidade.  “É dever de todos ajudarmos quem precisa. A universidade, como todas as instituições, são chamadas a cooperar, porque somos uma comunidade”, salientou o responsável.

E no âmbito de uma comunidade é preciso quem assuma responsabilidades. Daqui saiu um elogio e um agradecimento da parte de António Fidalgo. “Agradeço aos agora empossados terem aceite este desafio, porque eu sei que é um serviço que estão a prestar aos vossos colegas e à Universidade. Não me esqueço que já houve tempos em que não houve sequer uma lista a concorrer à AAUBI”, justificou.       

MARCO SALDANHA CONFIANTE NO FUTURO

Uma tomada de posse numa instituição que este ano assinalou 26 anos significa também uma saída. Neste caso, de Marco Saldanha, que liderou a AAUBI ao longo de 2014.

Na cerimónia, recebeu uma homenagem e lembrou realizações com a manutenção da propina em 2014/2015, informatização da venda de bilhetes nos grandes eventos da AAUBI, organização do Encontro Nacional de Dirigentes Associativos (ENDA), ou os resultados desportivos alcançados pelas equipas da AAUBI nos campeonatos universitários.  

Outros projetos foram destacados pelo dirigente cessante, que, ao olhar para trás, reconhece ter “um sentimento de entrega e concretização”, mas também de “felicidade por saber que o futuro da Associação fica nas mãos de uma direção credível, coesa e coerente”.

Antes de Marco Saldanha, o presidente da AAUBI foi Pedro Bernardo que volta agora à “Casa Azul”. Foi ele que deu posse a Francisca Castelo Branco, na qualidade de novo presidente da Mesa da Assembleia Geral, perante uma plateia que incluía responsáveis autárquicos – o presidente da Câmara da Covilhã também prometeu colaboração à AAUBI – e de organizações económicas, culturais e desportivas.

“Caminhar lado a lado”. Este propósito também esteve presente na intervenção de Pedro Bernardo, dirigindo-se aos estudantes: “A Mesa será mais uma porta aberta ao contributo de todos os estudantes. Apelo desde já à participação da comunidade estudantil nas assembleias gerais da nossa Associação”.