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CHAVES: Natal tradicional
Bruno Coelho · quarta, 31 de dezembro de 2014 · Continuado Do polvo ao bacalhau, do cabrito ao borrego e da Missa do Galo ao convívio familiar, a quadra natalícia ainda se mantém tradicional em Trás-os-Montes. Os presentes são a alegria dos mais novos. |
Fotografia do presépio na cidade de Chaves |
21989 visitas Tal como o frio que se faz sentir em terras transmontanas por esta altura, as tradições natalícias ainda são cumpridas com rigor pelos habitantes da cidade de Chaves. Os presentes e a comida tradicional da quadra são o que mais faz mexer a boca e a carteira dos flavienses. Tudo começa dia 8 de Dezembro. “É nesse dia que fazemos a árvore lá em casa”, conta Maria Teresa Araújo, habitante da cidade. O presépio é o passo seguinte e é feito no mesmo dia. “É a minha parte preferida”, conta Filipa, filha de Maria. Com um sorriso nos lábios, a jovem confessa adorar encher a árvore de luzes e fitas. Diz não ligar muito à tradicional entrega dos presentes, pois normalmente já sabe o que vai receber. “Quando era pequena havia aquele mistério. Agora já sou eu quem escolhe a prenda e no dia já sei o que os meus pais compraram”, finaliza a jovem flaviense. Nos dias que antecedem o Natal, verifica-se a correria às lojas, própria desta altura do ano. Em Chaves, no comércio tradicional “vende-se mais nesta altura”, conta Adélia Morais, comerciante local. Contudo, assume que cada vez se gasta menos neste tipo de comércio: “vão sempre ao mais barato”, conclui. Nas grandes superfícies a afluência é maior, pois é nelas que estão as tecnologias, apreciadas pelos mais novos. Numa destas unidades comerciais de Chaves, por estes dias há uma enorme na caixa. “Vende-se sempre um pouco de tudo, mas mais smartphones e tablets”, conta Bruno Almeida, funcionário da loja. Confessa que por estarem na moda e por toda a gente querer ter um, acabam a vir “os filhos que já sabem mais que os pais” e levar um dispositivo móvel como prenda de Natal. Na noite de Consoada, as famílias reúnem-se à mesa. Os pratos não variam muito. Do polvo ao bacalhau cozido, normalmente acompanhado com batatas, ovo e couves. “É o que me lembro de comer sempre na Consoada", conta Adélia. Já na mesa de Bruno, quem reina é o “polvo com batata cozida e couve”. Quanto à doçaria, a tendência é para diminuir. “Já fiz mais. Agora fazemos só aletria, rabanadas, pudim caseiro e compramos os sonhos e o bolo-rei”, assume Maria. Todos contam que, com mais ou menos doces, há uma mesa só para eles e cada pessoa da família traz sempre mais algum. “E depois andamos quase até à passagem de ano a comer as sobras”, assume Valdemar Ferreira, habitante local. Na noite da Consoada há ainda espaço para a tradicional Missa do Galo, à qual só vão os mais velhos. Valdemar tem por hábito assistir à missa e confessa que “a malta nova já não quer saber. Querem ficar em casa no quente e a brincar”. A história confirma-se quando Filipa Araújo diz que “a meia-noite é para abrir as prendas” e que só os avós vão à missa nessa noite. E é à noite que o Natal mais se faz notar nesta cidade transmontana. Numa altura em que as iluminações natalícias escasseiam na maior parte dos pontos da cidade, o centro conta luzes na várias árvores e ainda com um presépio. O dia de Natal reúne novamente a família para comer as várias carnes. “Em nossa casa come-se o cabrito, mas há quem coma leitão”, conta Maria Araújo. Já Valdemar confessa que não passa sem o borrego. “O borrego é sagrado”, assegura. Mantendo-se fiéis à tradição, assim festejam os transmontanos esta quadra, que culmina com o desfazer do presépio e da árvore de Natal, a 6 de Janeiro, no Dia de Reis. |
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