O Núcleo Executivo do Conselho Local de Ação Social da Covilhã promoveu, no âmbito do Programa "Rede Social", uma sessão de debate sobre a terceira idade. A iniciativa, que teve lugar no dia 10 de Dezembro, na Assembleia Municipal da Covilhã, coincidiu com o Dia Internacional dos Direitos Humanos. 

No debate marcaram presença várias Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) da região, mas também a Guarda Nacional Republicana (GNR) e a Polícia de Segurança Pública (PSP). A Câmara Municipal da Covilhã foi representada pelo Vereador da Cultura, Jorge Torrão, que teve a seu lado Lurdes Pombo, Presidente da União Distrital de IPSS´s de Castelo Branco, Melo Bernardo, Director do Centro Distrital da Segurança Social de Castelo Branco e ainda a enfermeira Delfina Torrão.

O primeiro a tomar a palavra foi o vereador, que desde logo agradeceu, em nome da Câmara Municipal, o trabalho social que todas as IPSS´s têm vindo a desenvolver na região.

A intervenção seguinte foi de Lurdes Pombo, que focou a sua apresentação na tipologia das famílias e no facto desta estar em permanente mudança. A responsável realçou, neste contexto, as famílias monoparentais e a diminuição do número de filhos por parte dos casais. Depois de uma breve apresentação sobre o conceito de família, a presidente da associação de IPSS´s do distrito salientou o papel que os idosos devem assumir na família. "A sabedoria e experiência das pessoas idosas são um elemento vital tanto para as famílias como para as sociedades".

A exposição de Lurdes Pombo contou ainda com a apresentação de alguns dados sobre a realidade do distrito de Castelo Branco. De acordo com os "Censos Sénior" de 2014, o número de idosos a viver isolados aumentou, e tem maior expressão nos distritos do Interior, como Castelo Branco e Guarda. Apesar de preocupante, Lurdes Pombo garante que esta tendência de isolamento já está a ser combatida pelas IPSS´s da região. "Neste momento as IPSS´s já estão a fazer mais apoio domiciliário levando aos locais mais distantes apoios para que de facto os idosos estejam durante uns tempos menos isolados". A presidente salienta ainda que se esta tendência de isolamento se continuar a verificar terão de ser tomadas outras medidas. Lurdes Pombo terminou, defendendo que os idosos devem ser cuidados em ambiente familiar o máximo de tempo possível.

A enfermeira Delfina Ferrão, que pertence ao núcleo do Idoso do Centro de Saúde da Covilhã, e é enfermeira na área da reabilitação, falou sobre envelhecimento activo. A enfermeira defendeu que o idoso deve ser valorizado e que conotar envelhecimento com doença é uma maneira errada de adaptar o idoso à sociedade. Delfina Ferrão apresentou também alguns números preocupantes sobre a terceira idade, destacando que em 2009 por cada 100 jovens existiam em Portugal 118 idosos e esta tendência continua a acentuar-se. Este envelhecimento populacional é "um desafio para toda a Europa não só para Portugal", refere. A enfermeira procurou então explorar, durante a sua apresentação, maneiras de tornar o idoso o mais autónomo possível, defendendo práticas para um envelhecimento participativo e activo.

Antes da abertura do debate às várias IPSS que se faziam representar no auditório da assembleia municipal covilhanense foi ainda António Melo Bernardo, na qualidade de director distrital da Segurança Social quem discursou. O director alerta que no distrito de Castelo Branco a segurança social paga 71500 reformas gastando cerca de 300 milhões de euros. "É um número dramático, mas bem gasto". A segurança social tem ainda 480 protocolos celebrados com IPSS´s da região.

No final das apresentações, as várias IPSS´s tiveram oportunidade de participar no debate. Os representantes do Centro Social do Dominguizo foram os primeiros a intervir, lamentando a falta de equidade na distribuição de subsídios camarários às IPSS´s da região.

Na resposta, o vereador do município, Jorge Torrão, invocou motivos financeiros para não haveram mais apoios e projectos desenvolvidos pela autarquia da Covilhã. Jorge Torrão deixou no entanto em aberto a possibilidade de, num futuro próximo, a Câmara da Covilhã poder ajudar a combater o isolamento dos idosos. "Há políticas municipais viradas para estas idades avançadas que podem favorecer o envelhecimento activo".

Quanto ao balanço do debate Jorge Torrão refere que com pessoas peritas na área do envelhecimento foi possível "recolher ensinamentos para criarmos nas nossas políticas municipais, com as ferramentas adequadas, reflectindo nessas ideias e naturalmente quando forem aplicáveis faremos a sua aplicação no sistema".

Para além dos oradores e das IPPS´s houve ainda quem, enre o público, fizesse questão de participar no debate. Maria Celeste Raposo foi um dos elementos do público que interviu para referir que as medidas debatidas e que são utilizadas para combater os problemas inerentes ao envelhecimento são suficientes. No entanto, considera que são apenas viáveis no presente e que é necessário pensar na nova geração de reformados, até porque são pessoas com outro tipo de vivências, refere Maria Celeste. 

A sessão "3ª idade em Foco - Respostas e Desafios" encerrou as actividades promovidas no âmbito do Programa "Rede Social" no mês de Dezembro.