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“DESIGNA” o desejo que há em ti
Fábio Júnio Cunha · quarta, 26 de novembro de 2014 · @@y8Xxv Cerca de quatro dezenas de oradores juntaram-se para discutir o design e suas aplicações. Consumo, marcas, manipulação, sedução, desejo, crise de identidade, publicidade, ciência e inovação foram algumas das expressões mais reforçadas e enfatizadas neste colóquio. |
Anfiteatro das Sessões Solenes recebeu a DESIGNA 2014 |
22002 visitas Nos dias 20 e 21 de novembro, o Departamento de Comunicação e Artes e o Labcom organizaram mais um DESIGNA, conferência internacional que promove a investigação em Design. O tema desta 4ª edição foi a relação do design com o desejo. A questão do desejo surge nas políticas públicas dedicadas às artes e à indústria de forma explícita, na sequência da necessidade de reagir à concorrência de produtos estrangeiros mais apetecíveis para os consumidores. A diversidade da oferta de distintos produtos para a mesma função acrescenta à qualidade intrínseca dos objetos a necessidade de distinção e de persuasão. Sara Balonas, docente na Universidade do Minho, afirma que o design “por si só é poderosíssimo” e a sua relação com o desejo constitui “uma dupla verdadeiramente encantatória”. O design vincula-se à comunicação e mediação, numa espécie de metafísica do concreto em que a capacidade de criar, promover, consumir e usar bens e serviços tende a recentrar a experiência estética. “O design, enquanto atividade transdisciplinar, assume deste modo um protagonismo determinante na comunicação dos museus, na sua representação visual e no reconhecimento da sua ação”, explicou João Gomes de Abreu, docente no Instituto Politécnico de Lisboa. É também no marketing que o design se expressa numa relação mais individualizada e de aprendizagem com cada um dos seus clientes, fãs ou sócios, permitindo uma interação mais próxima com a empresa/instituição. A marca torna-se a identidade do indivíduo. Ivone Ferreira, docente na Escola Superior de Educação de Viseu enunciou que “a marca marca-nos. Marca-nos como se marcaria uma vaca num rebanho com um ferro de um vaqueiro para lhe mostrar que aquela vaca era pertença de alguém”. No entanto, a oradora reposiciona a ideia de que “o consumidor não é pertença das marcas”. Por exemplo, os fãs de futebol são parte de uma equipa que “constrói uma grande marca, uma marca forte. E nestas multidões, nestas marcas que arrastam multidões não há apelidos, não há nomes”. O apelo à imaginação, quando não ao prazer, atravessa todos os domínios do design. Tais apelos pretendem uma posição de lealdade e de vinculação, a que nem as plataformas eletrónicas e os novos meios escapam. O desejo e a imaginação “funcionam como processos elaborados de predicação que revelam o substrato cultural”, referiu Daniel Brandão, docente no Instituto Politécnico do Cávado e Ave, na sequência de um sem-número de narrativas e de ficções, fontes de aprendizagem e de partilha de conhecimento. Elçin Tezel, docente na Universidade Bahçeşehir, na Turquia revela que “a aparência visual dos objetos tornou-se determinante. As propriedades tangíveis como a utilidade e a segurança deixaram a sua prioridade a valores simbólicos nos produtos”. Nesta linha de pensamento, Paschalis Paschalis docente na Universidade de Nicósia, no Chipre apresentou uma fórmula para avaliar a eficácia na conceção de modelos de produto comercial com a utilização de rastreamento ocular. “O novo pacote contou com uma nova identidade corporativa, olhar, sentir e design. O produto real dentro da caixa manteve-se inalterado”. A conferência internacional que promove a investigação em Design, foi organizada pelos docentes Catarina Moura e Francisco Paiva e contou com a presença de alunos e professores nacionais e internacionais. “A interação ganha num aspeto sensorial e pode no futuro criar e seguir uma continuidade dentro de uma narrativa que é a história”, mencionou José Silva investigador na Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa. Esta relação traz pontos de vista cruzados sobre a prática e a teoria do design, mas também sobre a moral cívica e as políticas do corpo. Foi precisamente para compreender a relevância e a medida em que se projeta o desejo no design que, esta edição da DESIGNA, complementou diversas comunicações. |
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