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Teatro das Beiras despe-se de preconceitos
Bruno Coelho · quarta, 26 de novembro de 2014 · Pinturas famosas da deusa Vénus foram alvo de reconstrução. Numa performance de “Live Paintings” na Mostra de Criadores Emergentes, organizada pela Quarta Parede, o público foi convidado a subir ao palco. |
Fotografia do "Projeto Vénus", retirada da nota informativa da Quarta Parede 16.2014 |
21992 visitas O Teatro das Beiras recebeu a performance “Projeto Vénus”, um composto pela reconstrução de algumas das pinturas mais famosas da deusa do amor:Vénus. A proposta performativa decorreu no dia 18 de Novembro, pelas 21h30, e abriu a 6ª edição do 1º Andar – Mostra de Talentos Emergentes. Quando o público entrou na sala ouviram-se alguns risos. Em cada cadeira estava um penso higiénico, o que deixou os espetadores curiosos sobre o uso que lhes seria dado. O espetáculo iniciou-se com o performer, Fran Blanes, vestido de mulher, a explicar o processo que movia a performance, sob a forma de leitura de alguns textos, com a devida contextualização histórica. De seguida, fez um rasgão no pano que estava atrás dele e atravessou-o. Ao som de “Glory Box”, dos Portishead, o performer fez um striptease por detrás do pano. No final, deitou-se numa chaise longue e pediu ao público para subir ao palco e trazer os pensos higiénicos consigo. Enquanto passavam diapositivos, Fran imitava as poses de quadros que iam desde o Renascimento ao século XX, sob as ordens do público. No final, levantando-se, o performer pediu para colarem os pensos ao longo do seu corpo. Após o espetáculo, e como é tradição nos eventos promovidos pela Quarta Parede, o público é convidado a uma conversa com o artista, onde se conversa sobre os espetáculos e o que os rodeia. “Esta apresentação é um work in progress. É sempre diferente de espetáculo para espetáculo”, começou o artista por dizer no início da conversa. Recorrendo a pinturas e a música bastante conhecida como mote para o espetáculo, Fran confessa que prefere “partir de um clichê, do que chegar a ele”. Acreditando que a motivação para o ser humano viver é o impulso sexual, onde tudo o resto é decorativo, o performer diz querer elevar as mulheres. Questionado sobre se se sente um feminista, Fran é categórico: “Eu adiro à teoria feminista. Mas não sou feminista. Quanto a mim, a diferença entre os géneros é algo estúpido”. O performer acabaria por confessar que a reação do público feminista a este trabalho é normalmente negativa. A convicção de Fran é que em cada apresentação deste espetáculo existe uma reação diferente. A participação do público é essencial para o desenvolvimento desta proposta performativa, e na Covilhã, o público esteve acima das expetativas. “Eu tinha algum medo por ser uma cidade pequena”, acabou por confessar o performer. A conversa terminou com Fran Blanes a falar do futuro deste espetáculo e do quão aleatório e imprevisível ele é a cada apresentação. “O próximo passo é, por exemplo, estar numa sala, com pessoas a assistir pela internet e a darem-me as instruções para a representação dos quadros”, referiu o performer antes de terminar com a confissão de que é um romântico “muito século XIX”. “Dar possibilidade aos criadores emergentes” é o propósito manifestado pelo diretor artístico da Quarta Parede, Rui Sena, que se mostra bastante contente pela evolução dos vários criadores que estiveram presentes noutras edições. Numa mostra com criadores maioritariamente estrangeiros, Rui Sena não esquece os portugueses que vê “com algum regozijo” a resistir às dificuldades do país. Itália, França, Bélgica, Espanha, República Checa são só alguns dos países que já passaram por uma mostra que tenta “mostrar sempre o melhor na Covilhã”. Este espetáculo abriu a 6ª edição da mostra de criadores emergentes, denominada 1º Andar. Continuou dia 20 de Novembro em Castelo Branco com a performance “Matilda Carlota” e terminou, novamente no Teatro das Beiras, dia 21 de Novembro, com o espetáculo de dança “Kinowaltz”. |
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