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Encontros ao sabor do Vinho
Cristiana Borges · quarta, 19 de novembro de 2014 · No âmbito das celebrações de São Martinho, a Biblioteca Municipal da Covilhã organizou, no passado dia 12 de novembro, uma sessão onde o vinho da Beira Interior esteve em destaque. |
Decoração da mesa de oradores com produtos da época |
21975 visitas A Enologia foi o mote para a tertúlia, “Encontros na Biblioteca”, do mês de novembro que convidou dois especialistas da área. Francisco Matos Soares, presidente da Adega Cooperativa da Covilhã e Carlos Neves, responsável pelas áreas de Enologia e Produção da mesma instituição falaram acerca de vinho regional, sobre a sua conservação em ambiente doméstico e principais técnicas de degustação. Na primeira parte da sessão, o presidente da Adega da Covilhã, fez um breve enquadramento sobre o vinho da região da Beira Interior. Nos 16 mil hectares de vinha que compõem a região, as principais castas brancas são a Síria e a Fonte Cal e nas tintas predominam a Touriga Nacional, a Trincadeira e a Jaen. De acordo com Francisco Matos Soares, as condições climatéricas, as altitudes e os solos são os fatores que mais diferenciam os vinhos da região em relação aos do restante país. O inverno rigoroso e o verão com grandes amplitudes térmicas, as altitudes que variam entre os 400 e os 700 metros e os solos de origem granítica e xistosa dão origem a vinhos com uma frescura marcante, aromas exuberantes e uma acidez que proporciona uma grande longevidade. Na segunda parte do encontro, o enólogo Carlos Neves começou por explicar as principais técnicas de conservação de vinhos em ambiente doméstico. O vinho deve ser armazenado horizontalmente em local fresco, seco e protegido da luz solar direta, sendo que a temperatura ideal ronda os 12º C. A maioria dos tintos pode ser armazenada entre os dois e os dez anos, já os brancos, com um tempo de vida mais curto, entre os dois e os cinco. Houve ainda tempo para uma síntese sobre a temperatura a que os vinhos devem ser servidos. Numa pequena introdução à arte e ciência de analisar sensorialmente vinhos, o enólogo explicou que o copo necessita de obedecer a algumas características. “Forma de túlipa, incolor e de haste longa para que a temperatura do corpo não se transfira para a bebida”, esclarece. Encontrado o copo, dá-se início à prova. A primeira fase depende da visão e aqui são analisadas a limpidez, a cor e o desprendimento gasoso. Numa segunda etapa utiliza-se o olfato e cheira-se o vinho em repouso e depois de uma ligeira agitação. Depois é saborear. Segundo Carlos Neves, qualquer pessoa pode ser um bom provador de vinhos. “A nossa memória ao longo do tempo torna-se uma biblioteca e quantos mais vinhos forem provados, mais intuitivo se torna”, sublinha. Apesar da prova de vinhos ser uma atividade realizável por todos, o responsável pelas áreas de Enologia e Produção da Adega da Covilhã revela que “as mulheres têm mais aptidão devido à sua sensibilidade”, o que lhes permite descobrir facilmente aromas. Reza o ditado que em tempo de São Martinho “vai à adega e prova o vinho”. E os covilhanenses são bons provadores? Foi o que se testou no fim do encontro, com os “aprendizes” a terem a oportunidade de degustar vinhos da Adega Cooperativa da cidade. Os brancos e tintos “Piornos” e “Monte Serrano” e a jeropiga “Adega Nova” serviram de teste final aos participantes que se mostraram empolgados com os conhecimentos adquiridos. “A partir de agora vou dar mais atenção à forma como provo vinho”, refere um dos participantes. A próxima tertúlia “Encontros da Biblioteca” entitula-se "O templo romano de Orjais e o território da Covilhã há 2.000 anos" e decorre a 10 de dezembro, como é habitual às segundas quartas-feiras de cada mês. |
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