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Covilhã com "Três dedos abaixo do joelho"
Daniela Ferreira dos Santos · quarta, 22 de outubro de 2014 · Com início há 12 anos, o Festival Y vai já na 11º edição e foi uma dos melhores relativamente à adesão do público. A peça "Três dedos abaixo do joelho", trazido a cena pela estrutura Mundo Perfeito/Tiago Rodrigues, teve lugar no dia 16 de outubro no Teatro das Beiras. |
Peça "Três dedos abaixo do joelho", Tiago Rodrigues/Mundo Perfeito |
21990 visitas O festival de artes performativas, recebido entre os dias 8 e 25 de outubro no Teatro das Beiras na Covilhã, é uma iniciativa que contempla as várias disciplinas de artes de palco e de artes visuais, tentando moldar a arte contemporânea.
De entre os projetos de música, dança e teatro que a iniciativa contemplou, a 11º edicão ocorre no ano em que se comemora o 40º aniversário do 25 de abril e, para assinalar a data, a programação dedica espetáculos ao 25 de abril, um deles entitulado "Três dedos abaixo do joelho".
Interpretada por Isabel Abreu e Gonçalo Waddington, a peça, que vai de encontro com o arquivo enorme da censura exercida sobre o teatro durante o regime fascista, teve lugar no Teatro das Beiras no passado dia 16 de outubro, quinta-feira.
Catarina Rodrigues, docente da UBI, revelou-se expectante antes do espetáculo: "o tema atrai-me bastante, tal como os atores, e o facto da peça já ter sido também premiada torna-a ainda mais notável. Tomei conhecimento da peça e do Festival Y através da imprensa, pois normalmente estou atenta a este tipo de iniciativas porque as considero interessantes", revela a docente.
Já Romeu Curto, 17 anos e espetador da peça, afirmou ter tomado "conhecimento da peça na internet, através da página do Teatro das Beiras" e admitiu ver o espetáculo " não tanto pela temática que aborda, apesar de ser um pouco da nossa história, mas essencialmente pelo gosto ao teatro e pelas artes em geral." Romeu Curto acrescentou ter ido com um grupo de amigos e que esperava um bom espetáculo.
. Com um palco de pequena dimensão, um cenário pormenorizado de fotografias das personagens da censura da arte de palco e excertos dos relatórios censurados e utilizados em cena, o ambiente da peça sentiu-se acolhedor.
"Três dedos abaixo do joelho" apresentou-se como uma encenação irónica que transforma os censores em dramaturgos, capazes de inverter os relatórios num texto de um espetáculo e mostrar que a máquina de censura poética era levada ao limite.
A encenação transpareceu esse limite à liberdade teatral praticado pela censura e pelos mecanismos de correção. "Causa mais násea que humor", "implicam roupas sugestivas, e escandalosas", "peça demasiado sensual e, por isso, vai aborrecer" ou "demasiada referência a condições políticas atuais", são alguns dos reparos que a peça fez ouvir quando os espetáculos teatrais eram apresentados aos mecanismos de correção e aprovação da censura. A ironia seria levada ao extremo no momento em que espetáculos teatrais não seriam aprovados por, embora possíveis obra-primas de literatura mundial, incapidade inteletual do público.
A apresentação da performance teatral teve a duração de 75 minutos e denunciou a opressão à liberdade artística e política do teatro, herança deixada pelos autores da censura e que nos ajuda a redescobrir o perigo e importância do teatro na sociedade.
Rui Sena, Diretor Artístico do Festival Y, evidenciou a importância de assinalar os 40 anos do 25 de abril com espetáculos como este "inerentes á nossa evolução e, se quisermos, á própria liberdade, discutida pela censura", assegura o diretor.
"O Festival representa um modo de evidenciar a crescente preocupação na formação de um público mais virado para a arte contemporânea, normalmente mais jovem e aberto a espetáculos não tão convencionais, admitindo os cruzamento das várias disciplinas", acrescenta Rui Sena.
O festival Y têm na sua essência dar a conhecimento ao espetador cada vez mais formas de arte diferenciadas e complementares que, de outro modo, não chegariam à cidade da Covilhã e à Beira Interior.
O Diretor Artístico do Festival Y, refere que "a arte contemporânea tem uma plataforma de passagem na Beira Interior precisamente por causa do festival que tem sido concisivo e insistente a tratar obras. Estas obras farão parte com certeza do património cultural português e não só, uma vez que em anos anteriores foram recebidos imensos espetáculos estrangeiros", acrescenta o Diretor do festival.
Apesar da não realização do festival no ano anterior por falta de apoio, o público tem dado uma resposta positiva ao Festival Y ao longo de todo o seu percurso. A peça "Três dedos abaixo do Joelho" é um bom exemplo dessa mesma adesão, já que o espetáculo teve lotação esgotada, com a presença de cerca de 95 pessoas.
No ano em que se comemora o 40º aniversário do 25 de abril, a programação dedica espetáculos referentes à revolução, um deles entitulado "Três dedos abaixo do joelho". Interpretada por Isabel Abreu e Gonçalo Waddington, a peça que mostra a censura exercida sobre o teatro durante o regime fascista, teve lugar no Teatro das Beiras no passado dia 16 de outubro, quinta-feira. Com um palco de pequena dimensão, um cenário pormenorizado de fotografias das personagens da censura da arte de palco e excertos dos relatórios censurados e utilizados em cena, o ambiente da peça é acolhedor. "Três dedos abaixo do joelho" apresentou-se como uma encenação irónica que transforma os censores em dramaturgos, capazes de inverter os relatórios num texto de um espetáculo e mostrar que a máquina de censura poética era levada ao limite. A encenação transpareceu esse limite à liberdade teatral praticado pela censura e pelos mecanismos de correção. Entre as razões que a censura apresentava para não permitir que as peças teatrais chegassem ao público, estavam: "Causa mais násea que humor", "implicam roupas sugestivas, e escandalosas", "peça demasiado sensual e, por isso, vai aborrecer" ou "demasiada referência a condições políticas atuais". A ironia era levada ao extremo no momento em que espetáculos teatrais não seriam aprovados por incapacidade inteletual do público, embora pudessem ser obra-primas de literatura mundial. Catarina Rodrigues, docente da UBI, mostra-se expectante antes do espetáculo: "o tema atrai-me bastante, tal como os atores, e o facto da peça já ter sido também premiada torna-a ainda mais notável, revela a docente. A apresentação da performance teatral teve a duração de 75 minutos e denunciou a opressão à liberdade artística e política do teatro, herança deixada pelos autores da censura e que ajuda a redescobrir o perigo e importância do teatro na sociedade. Rui Sena, diretor artístico do Festival Y, evidenciou a importância de assinalar os 40 anos do 25 de abril com espetáculos como este "inerentes à nossa evolução e, se quisermos, à própria liberdade, discutida pela censura", assegura o diretor. "O festival representa um modo de evidenciar a crescente preocupação na formação de um público mais virado para a arte contemporânea, normalmente mais jovem e aberto a espetáculos não tão convencionais, admitindo os cruzamento das várias disciplinas", acrescenta. O festival Y tem na sua essência dar a conhecimento ao espetador cada vez mais formas de arte diferenciadas e complementares que, de outro modo, não chegariam à cidade da Covilhã e à Beira Interior. O diretor artístico do Festival Y, refere que "a arte contemporânea tem uma plataforma de passagem na Beira Interior precisamente por causa do festival que tem sido conciso e insistente a tratar obras. Estas obras farão parte, com certeza, do património cultural português e não só, uma vez que em anos anteriores foram recebidos imensos espetáculos estrangeiros", acrescenta o diretor do festival. O festival de artes performativas, recebido entre os dias 8 e 25 de outubro no Teatro das Beiras na Covilhã, é uma iniciativa que contempla as várias disciplinas de artes de palco e de artes visuais, tentando moldar a arte contemporânea. Apesar da não realização do festival no ano anterior por falta de apoio, o público tem dado uma resposta positiva ao Festival Y ao longo de todo o seu percurso. A peça "Três dedos abaixo do Joelho", já premiada na categoria de Melhor Espetáculo de Teatro de 2012 pelos Globos de Ouro, é um bom exemplo dessa mesma adesão, já que o espetáculo teve lotação esgotada, com a presença de cerca de 95 pessoas.
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