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Auditoria revela passivo de 150 milhões na Câmara da Covilhã
Rodolfo Pinto Silva · quarta, 8 de outubro de 2014 · Vítor Pereira apresentou alguns dados da avaliação das contas do município, até 30 de setembro do ano passado. “Dívida é astronómica”, segundo o presidente da autarquia. |
Vítor Pereira deu a conhecer os pontos principais da auditoria no final da reunião de Câmara de sexta-feira, dia 3 |
21962 visitas Atingia o valor de 150 milhões de euros o passivo da Câmara da Covilhã no final de setembro de 2013. Esta é uma das conclusões da auditoria realizada ao longo dos últimos meses, cujo resumo foi dado a conhecer à imprensa no final da reunião privada do executivo, na sexta-feira, dia 3. À porta fechada, Vítor Pereira entregou os resultados aos restantes elementos da vereação e, aos jornalistas, deu conta de alguns pontos que considerou mais importantes do estudo realizado pela empresa KPMG. “Colossal” e “astronómica” foram os adjectivos utilizados pelo presidente socialista da autarquia para classificar, respectivamente, o passivo financeiro e a dívida que herdou do anterior executivo liderado pelo social-democrata Carlos Pinto. O edil serrano considera ainda que a auditoria deixa perceber que existiram “más opções de gestão e falta de visão estratégica de desenvolvimento do concelho”. Os números falam de um passivo a rondar os 126,5 milhões de euros a que acresce “um conjunto de outras responsabilidades, identificadas e não assumidas contabilisticamente”, que perfazem um total de cerca de 142,5 milhões de euros. Esse valor inclui sete situações relacionadas com uma indemnização reclamada pela ParqC (10 milhões), dissolução da NovaCovilhã (2,4 milhões), expropriações do Parque de São Miguel, entre outras (1,4 milhões), devolução de 700 mil euros à cadeia de hipermercados L’Eclerc, processo intentado pela NORLABOR, que atingiu 600 mil euros, fornecimento de produtos e serviços à autarquia no valor de 180 mil euros e acréscimo de cursos de pessoal (72.500 mil euros). A soma inclui ainda “responsabilidades na dívida da Águas da Covilhã, que ascende a 7,6 milhões de euros, e Parkurbis, que totaliza 1,6 milhões”, refere o documento entregue aos jornalistas. “Estes dados vêm agora confirmar os meus piores receios”, salienta Vítor Pereira, acrescentando que alertou para a situação “quando era vereador”, no último mandato. Quanto ao que considera “más opções de gestão” dá como exemplo a não execução de caminhos agrícolas para os quais teriam sido entregues 700 mil euros de financiamento externo, o recebimento antecipado de uma verba da cadeia de hipermercados “sem ter executado as obras que permitiriam a sua instalação”, os 150 mil euros gastos na implementação da marca “Covilhã 5 Estrelas” e um milhão de euros investido para ter na cidade a Selecção Nacional de futebol, durante a preparação para o Mundial de 2010. O valor do passivo da Câmara, no entanto, desceu oito milhões de euros no último ano, segundo o presidente da autarquia. Vítor Pereira aponta o abatimento desta verba como resultado da estratégia que implementou no primeiro ano de mandato e quer agora “virar a página”: “Fomos eleitos para resolver os problemas. Mas como eu disse antes de ter vencido as eleições, queria que os covilhanenses conhecessem a verdade”. O relatório completo não vai ser tornado público, mas será debatido pelo executivo na próxima reunião pública, que deverá ter lugar sexta-feira, dia 18. O Urbi@Orbi tentou obter uma reacção de Carlos Pinto, mas não foi possível até ao fecho desta edição. No entanto, ex-edil garantiu a duas rádios da região – RCB e RCC –“que a dívida do município até 30 de setembro de 2013 não passava dos 50 milhões de euros”. Carlos Pinto disse ainda que quando cessou funções a “autarquia não tinha dívidas ocultas”. “A dívida era de cerca de 50 milhões de euros, com 10 milhões à EDP que herdei, 15 milhões de habitação social e restante parte própria para complementar investimento comunitário, em 20 anos”, salientou. |
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