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O Português: uma língua com futuro
Luís Freire · quarta, 8 de outubro de 2014 · Continuado O linguista João Malaca Casteleiro refutou a ideia de que a língua portuguesa, como idioma, foi esquecida. A afirmação foi feita durante o Encontro “A Língua Portuguesa no Mundo: difusão e desafios”, uma iniciativa do Departamento de Letras da Universidade da Beira Interior (UBI). O Encontro aconteceu no passado 30 de Setembro no Anfiteatro da Parada. |
Muitos jovens no Encontro “A Língua Portuguesa no Mundo: difusão e desafios” |
21982 visitas O Departamento de Letras da UBI recebeu na terça-feira, 30 de Setembro, o Encontro “A Língua Portuguesa no Mundo: difusão e desafios”. As conferências contaram com a participação de linguistas portugueses e brasileiros, que reflectiram sobre a actualidade e o futuro do português. Na primeira das conferências, e diante de uma plateia de cerca de uma centena de jovens participantes, João Malaca Casteleiro, Professor Doutorado em Linguística e académico referenciado no panorama nacional e internacional, falou da enorme importância da língua portuguesa no mundo, refutando a hipótese de que tem vindo a decrescer o número dos falantes. Apoiado em diversos estudos, levados a cabo por algumas instituições científicas, o linguista defendeu que a amplitude da língua portuguesa chega neste momento a 250 milhões de falantes, que correspondem a 4% da população mundial. Prevê-se porém que este número venha a aumentar. O aumento do número de falantes da língua portuguesa deve-se em grande parte ao factor da emigração, que cresce por todo o mundo. No caso do falante que emigra, "o idioma é um dos factores de maior relevância na escolha do país", acrescentou o académico. Em meados do século XVIII e até aos finais do século XIX o português ocupava o primeiro lugar das línguas francas internacionais, como resultado das Descobertas, destacou o orador. Na sua opinião factores como a descolonização, o surgimento de cinco novos países de expressão oficial portuguesa e o ingresso na União Europeia, foram os grandes responsáveis pela mudança de panorama. Malaca Casteleiro referiu ainda que "o primeiro lugar de língua franca é hoje pertença da língua inglesa”, porém há “novos mundos em que a língua portuguesa conquista território”. É a Oriente, particularmente na China, que têm surgido um importante número de falantes. O interesse pela língua portuguesa é visível pelo número de Universidades, num total de vinte e seis, em que a licenciatura em Língua Portuguesa e disciplinas da área se leccionam, assinalou o professor. Apesar da transferência de soberania de Macau para o governo chinês em 1999, o interesse pela língua portuguesa naquela região do globo não diminuiu. O linguista destacou, por exemplo, o facto de as ruas de Macau manterem originalmente os nomes portugueses que as designam. A criação do "Centro de Relações Económicas e Comerciais da China" contribuiu também, de acordo com Malaca Casteleiro, para a manutenção do contacto com o mundo português. O linguista afirmou ainda que o espaço virtual é um novo lugar do domínio da língua portuguesa. O português ocupa o 5º lugar da escala mundial das línguas mais usadas na Internet, antecedido pelo inglês, mandarim, espanhol e japonês. A esta posição corresponde um número de 82 milhões e meio de internautas. Diante da participação de oito países de língua oficial portuguesa (CPLP) numa política linguística comum, o Professor Malaca Casteleiro alertou para importância de que cada um assuma o seu cuidado para com a língua mãe de Portugal, seja na “afirmação da mesma, seja no zelo pela sua unidade, seja pela prática de uma boa oralidade e escrita.” |
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