Quatrocentos e seis anos após o nascimento do Padre António Vieira, a comunidade ubiana assistiu, no dia 25 de setembro, no Anfiteatro das Sessões Solenes, ao lançamento de uma edição completa da obra do grande orador português do século XVII.

A sessão de apresentação da obra iniciou-se com Pedro Calafate, historiador e professor catedrático da Universidade de Lisboa, que colaborou com José Eduardo Franco num projeto para o Círculo de Leitores. Pedro Calafate falou sobre o trabalho de pesquisa que levou a reunir todos os textos do Padre António Vieira numa obra completa. O processo de investigação durou cerca de uma década e contou com a ajuda de uma equipa de especialistas luso-brasileiros.

Durante a sua intervenção, José Eduardo Franco, historiador e Diretor do Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, destacou que o Padre António Vieira possuía uma “espiritualidade na ação” quando divulgava os seus sermões ao seu auditório e por isso representa para o povo luso “uma parte da história da cultura portuguesa”.

A segunda parte do evento iniciou-se com Carlos Fiolhais, professor da Universidade de Coimbra, referindo que o século XVII não foi dos séculos “mais felizes” com grandes acontecimentos históricos para Portugal, como aconteceu no século anterior, com os descobrimentos, e no posterior com a exploração do ouro e diamantes no Brasil. Com o nascimento do grande orador António Vieira, o século XVII ganhou um “pouco de brilho” com os seus textos e com os seus sermões proclamados no púlpito para os ouvintes.

Gabriel Magalhães, professor da Universidade da Beira Interior, também analisou o percurso do autor, dividindo a sua exposição em duas partes. Num primeiro momento realçou os trabalhos mais positivos do grande orador jesuíta, como o sermão da primeira oitava da Páscoa do ano de 1656, dedicado ao problema da riqueza, que considera um dos mais “belos ensaios”. Depois destacou algumas características menos positivas do autor, entre as quais o facto de ser uma pessoa incómoda, pela “forma como o orador na sua obra pratica a sublime batota do barroco”, algo que acontece no Sermão de São Pedro, de 1644.

No final da apresentação da obra completa do Padre António Vieira, foram recordados alguns textos através da declamação de sermões pelo ator Júlio Martin.