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Transumância nas ‘Tardes de quinta’ do Museu de Laníficios
David Garcia · quarta, 11 de junho de 2014 · O museu de lanifícios promoveu mais uma das suas ‘Tardes de quinta-feira’, desta vez para uma conferência sobre a Transumância nos tempos medievais. |
Transumância mais uma vez em destaque no Museu dos Laníficios |
21964 visitas Maria da Graça Vicente, investigadora da Universidade de Lisboa, esteve na passada quinta-feira no auditório do Núcleo Real Fábrica Veiga, por volta das 16:00, para uma apresentação sobre “Transumância na Beira Interior”. Perante cerca de vinte pessoas, o director do Museu de Lanifícios, António dos Santos Pereira, fez a apresentação autora e chamou a atenção para o artigo “Transumância na Beira Interior em tempos medievos”, disponível no número 3 da revista online do museu, a Ubimuseum. A apresentação começou por apresentar as canadas, “extensa rede de vias que não conheceram fronteiras”, por onde circulavam os gados transumantes, tratando depois de alguns aspectos, entre os quais “a amplitude espacial e duração no tempo” da Transumância, que deixou profundas marcas em toda a península, sobretudo nas terras da Beira Interior. Além disso, Maria da Graça Vicente fez uma pequena revisão da documentação medieval onde é possível descobrir pistas sobre o tema, nomeadamente nos privilégios concedidos e nas decisões relativas a conflitos entre ordens religiosas e concelhos sobre a pertença e percursos do gado. A encerrar o evento houve um pequeno espaço para a intervenção do público. De salientar a memória partilhada por um participante, com mais de oitenta anos, que recordou, ainda nos anos 30, que os rebanhos que passavam pela Covilhã eram de tal forma numerosos que “entupiam as ruas, paravam tudo” e as pessoas “não tinham outro remédio senão encostarem-se às paredes”, tal era o volume de cabeças de gado. Além disso, Maria da Graça Vicente confessou não perceber a ligação do chocalho à Transumância, visto que nunca detectou nas imagens mais antigas das ovelhas a presença do objecto. O próprio custo associado e a falta de minério para a sua produção, realçou o director do museu, tornam improvável que os chocalhos estivessem presentes e em número tão grande, a não ser em tempos muito recentes. Maria da Graça Vicente é membro da Academia Portuguesa de História, da Sociedade Portuguesa de Estudos Medievais e do Centro de História da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. É autora de diversos artigos, conferências, recensões e publicações, de que se destaca a obra Covilhã Medieval: o espaço e as gentes (séculos XII a XV) publicada em 2012 pelas Edições Colibri. |
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