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Aprender a inovar com a História
Rodolfo Pinto Silva · quarta, 30 de abril de 2014 · @@y8Xxv O mais recente livro de Tessaleno Devezas sobre os Descobrimentos pode ser um guia para o Portugal moderno. |
Tessaleno Devezas tem estudado os Descobrimentos portugueses |
21987 visitas A História nem sempre se repete, mas pode dar conselhos para o presente e para o futuro. Do período da expansão marítima portuguesa podem obter-se vários, alguns deles presentes em “As Lições dos Descobrimentos – O que nos Ensinam os Empreendedores da Globalização”, livro que Tessaleno Devezas apresentou a meio do mês – dia 15 – no Instituto de Defesa Nacional. “E a primeira grande lição é que não nos devemos assustar por sermos pequenos”, defende o docente da Universidade da Beira Interior (UBI), que editou a obra juntamente com o jornalista Jorge Nascimento Rodrigues. “Por se ser pequeno não significa que se esteja excluído de ter influência do mundo. O que é preciso é ter vontade e, principalmente, estar imbuído de não procurar apenas ser melhor, mas ser diferente. Se olharmos para as histórias de sucesso, mesmo nos tempos modernos, ele resulta da inovação de qualquer coisa. É aí que se surpreende e o elemento surpresa é muito importante”, explica Tessaleno Devezas.
Fator surpresa na base do sucesso Foi esse fator surpresa, aliado à inovação, que deu vantagem aos portugueses do período dos Descobrimentos. O livro apresenta as 10 vantagens: a vocação universalista; o complemento científico – que significa que é necessário usar tecnologia para conseguir um intento; gestão do conhecimento adquirido ao longo da empreitada; olhar para fora da caixa, ser original e surpreender. “É um fator importantíssimo. Portugal, na verdade, não só conseguiu atingir o intento e chegar a Oriente, mas foi absolutamente original na forma como o fez”, salienta Tessaleno Devezas. Depois, há ainda o domínio da informação assimétrica; o incrementalismo, que significa que nenhum objetivo complexo pode ser atingido de uma vez; espírito crítico; gerir a política internacional; e o improviso organizacional, que é “vulgarmente aquilo que se chama 'desenrascanso'”, acrescenta o docente.
Cinco erros Mas o sucesso resultou na perda de influência. Porquê? Os motivos são cinco. Em primeiro lugar, a expulsão dos judeus, que levaram à perda do suporte financeiro. O segundo erro “foi a tentação sistemática de posicionamento de proximidade”, explica Tessaleno Devezas, e que se reporta à tentativa de domínio continental do norte de África, que levou à perda de dinheiro, esforços e gente. O analfabetismo em contabilidade, o regresso da Casa Real do Brasil, que impediu a criação de uma potência transoceânica e o défice de liderança em gestão de momentos de crise.
Relações com Brasil, China e Índia ajudariam O Portugal moderno já não domina os mares e atravessa uma encruzilhada tempestuosa. Tessaleno Devezas, nascido no Brasil e a lecionar na UBI há 22 anos, insiste “no fazer diferente”. Por exemplo, aproveitar as ligações históricas com novas potências como Brasil, Índia ou China. “Há a tentação sistemática do posicionamento de proximidade, de tentar de ser apenas europeu, que é um espírito que evoluiu depois da Revolução. Isso não basta e confinou Portugal durante muito tempo a ficar pequeno dentro do contexto da Europa. É muito importante ter uma vocação universalista, ter relações com pontos importantes do mundo onde existem tradições históricas”, explica o docente, lembrando que recentemente “Portugal acordou para esse relacionamento com o Brasil”, que pode ser, por exemplo, um local de recrutamento de estudantes para o ensino superior nacional: “Houve sempre um excedente de alunos, e manter um estudante aqui é mais barato que em São Paulo ou no Rio de Janeiro. E por cada cem alunos que entram num determinado meio, 10 por cento ficam e contribuem para o desenvolvimento local”.
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