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"Cartas a uma Ditadura" em exibição na sede da Junta de Freguesia de Cantar-Galo
Sónia Pereira · quarta, 30 de abril de 2014 · Continuado Com o assinalar dos 40 anos da "Revolução dos Cravos", a Comissão Cívica da Covilhã apresentou o terceiro documentário "Cartas a uma ditadura", do ciclo de documentários que está a ser divulgado ao longo deste mês acerca do assunto. |
21968 visitas Foi no passado dia 15 de Abril que se realizou a transmissão de mais uma sessão do "Ciclo de documentários 25 de Abril", que está a ser levada a cabo pela Comissão Cívica da Covilhã. A sede da Junta de Freguesia de Cantar-Galo, foi o local escolhido para a exibição do terceiro documentário deste ciclo, "Cartas a uma Ditadura". Um documentário de Inês de Medeiros, com estreia em 2008, que mostra o modo como se vivia em Portugal na época do Estado Novo e do Salazarismo. "Hoje aqui na casa de Salazar são todos iguais, querem ver Salazar, conhecer Salazar", é a frase que ecoa no início do filme, aquando de um movimento realizado pelas mulheres no dia 28 de Abril. "Estão a agradecer a Salazar. São as mães, as esposas, as irmãs dos portugueses (...) que nos ocuparam na sua luta". Uma centena foi o número de cartas escritas pelas mulheres que formaram o "Movimento Nacional das Mulheres Portuguesas". Este movimento era feito em género de convite e pretendia a mobilização das mulheres na "luta" pela paz. O que todas elas tinham em comum era precisamente a admiração quase cega que tinham por Salazar e que ficava bastante explícito nas cartas que se lhe eram dirigidas. A ideia fundamental deste movimento era a criação de uma "tropa feminina", que não se concebesse pelo uso da força física e da violência, mas sim através da união das mulheres em torno de uma causa. "O objetivo era que nós estivéssemos unidas e que se disséssemos 'não', era 'não'", explica Madalena de Lancosta, uma das nove mulheres contactadas para a realização do filme. Ao longo do filme foram ainda discutidos temas como as eleições de 1958 que opuseram primeiramente Américo Tomás e Humberto Delgado e que depois passou antes a ser uma competição entre este último e António de Oliveira Salazar. Salazar, o homem que todos idolatravam, o homem que reergueu a economia portuguesa. O homem que no final de contas sempre viveu rodeado de mulheres e que por essa razão adotou o apelido da sua mãe e não o do pai. Todos estes aspetos a juntar ao facto de ser uma mulher-a-dias (D.Maria), que organizava a sua vida e ao facto dele fazer celibato ("Casado com a Pátria"), contribuíam em muito para imagem de confiança que era passada aos portugueses e neste caso em particular, às mulheres portuguesas. "Para mim o valor de dever respeito à pátria era sagrado, eu tenho obrigação disso para que não haja tanta maldade, tanta falta de caridade", defendeu outra das senhoras intercaladas para o documentário. No final da exibição realizou-se um debate relacionado com o conteúdo do documentário, onde temas como a crise de valores dos dias de hoje, o tempo de ditadura e a "falsa democracia" em que hoje vivemos, foram abordados pelos participantes e também pelo presidente da Junta de Freguesia, Pedro Leitão. |
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