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Museu dos Lanifícios promove feltragem tradicional de lã
Letícia Ferreira · quarta, 5 de mar?o de 2014 · Cinco sessões, cinco técnicas. É assim que decorrerá ao longo dos próximos meses o workshop sobre Feltragem de Lã, que já iniciou no passado 27 de fevereiro. |
A primeira técnica aprendida foi a da agulha |
22003 visitas Lã, água e sabão foram os principais apetrechos para a realização da feltragem, uma das mais antigas técnicas de produção têxtil. A responsável por esta atividade foi Orlanda Lourenço, que trabalha no gabinete de informação das urgências do Hospital Pêro da Covilhã, e que já realizou alguns workshops no Museu dos Lanifícios. De modo animado e informal, este evento teve como objetivo dinamizar a área de trabalhos com a lã. Orlanda começou por falar sobre as diferentes fases de tratamento da lã – lavagem, cardação e fiação – antes de poder ser utilizada, alguns tipos de lã e os diferentes usos que se podem fazer da lã – vestuário, bijutaria, artigos de decoração, bonecas, entre outros. A produção destas peças requer um grande investimento, tanto a nível financeiro como temporal, explicou a dinamizadora, pois o material não é barato e o trabalho é muito complexo e demorado. Mas o valor de exclusividade está presente em todos estes artigos: “No artesanato não há uma peça igual à outra”, refere a responsável pelo workshop, lamentando que nem todas as pessoas se apercebam disso. Depois de apresentado o material, arregaçaram-se as mangas para pôr em prática a primeira técnica de feltragem de lã – processo de fazer feltro, isto é, transformar fibras de lã em pano não tecido. Começou-se pela técnica da agulha (ou neddle felting) para realizar uma das peças mais fáceis: uma simples bolinha. Posteriormente aplicou-se a técnica de água e sabão (ou wet felting). Orlanda mostrou também como embelezar as peças, criando desenhos, usando moldes, ou até aplicando a lã em esferovite. Teresa Cabral, empresária agrícola, foi a única participante desta sessão. Veio de Viseu para aprender diferentes maneiras de aproveitar a lã que tem das suas ovelhas: “Pretendo aplicar o que aprendi em futuras atividades dentro da minha exploração. A lã não é valorizada, e com as técnicas que aqui conheci, posso fazer peças cuja importância seja reconhecida”, afirmou. Teresa Cabral diz ter gostado desta iniciativa e prometeu voltar às próximas sessões. Orlanda Lourenço, que divulga os seus trabalhos na sua página online, realiza workshops e participa em feiras medievais há seis anos, conta que este workshop pretende dar a conhecer às pessoas aquilo que podem fazer com a lã em bruto, isto é, antes de ser fiada. Outro dos objetivos é “não deixar perder aquilo que havia antigamente, pois agora, normalmente, as pessoas só têm contacto com a lã depois de ser fiada, para fazer as malhas, cachecóis, luvas, entre outros”, declara a dinamizadora. O workshop foi dividido em vários módulos pois estes “não são baratos”, explica a responsável: “Achei que não seria muito adequado realizar todos no mesmo mês, dada a conjuntura financeira que o país atravessa.” Orlanda espera que com as primeiras sessões as pessoas se comecem a aperceber do que poderão fazer com os conhecimentos adquiridos e que depois divulguem este evento. A dinamizadora contou ainda em que consiste cada uma das sessões: “O primeiro módulo vai ser apenas uma abordagem de como feltrar com água e sabão, vamos fazer umas peças pequenas. Na segunda sessão serão feitas fadas, umas bonecas; na seguinte vamos fazer um pequeno vaso; e na quarta vamos usar a técnica japonesa nuno felting. No último módulo usaremos a técnica holandesa upwolfing que dá uma textura padrão ao tecido.” As próximas sessões já estão agendadas para os dias 27 de março, 10 de abril e 8 e 29 de maio. O preçário de cada um dos módulos já está divulgado no site do museu. |
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