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O Príncipe comemora 501 anos
Célia Fonseca · quarta, 5 de mar?o de 2014 · UBI Em política tudo o que parece é. As mentiras e a ficção acontecem de facto, pois o jogo político é feito de representações. Esta é a temática que o livro O Príncipe de Nicolau Maquiavel aborda, e que foi salientada no passado dia 26, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da UBI, por estudiosos do autor. |
Conferência da comemoração dos 501 anos de o Príncipe de Maquiavel |
21960 visitas Com cinco séculos de existência, o livro O Príncipe aborda a política italiana vigente no século XV. Existia um abismo que separava a experiência política efetiva, do discurso que o príncipe parecia ter. “Um príncipe deve ter determinadas características, tais como integridade, fidelidade e piedade”, e é importante que “pareça tê-las, mesmo que não as tenha”, explicou António Bento, docente da UBI e investigador da obra. A imagem que um político projeta perante o povo é importante pois “é a primeira impressão que fica. É necessário existir um domínio da imagem para um bom controlo político. É a partir da imagem que o povo forma juízos de valor.” Nicolau Maquiavel, é considerado um dos pais da Ciência Política. Iniciou a escrita de O Príncipe em 1513, terminando-a no ano seguinte. Até 1532, data em que foi publicado, a obra circulou em cópias manuscritas, conhecendo o êxito e produzindo grande impacto na sociedade porque algumas das suas teses provocaram escândalo. O facto de Maquiavel pensar que um príncipe poderia trazer a unificação de Itália deu origem a este prodigioso livro, e ao seu título afirmou António Bento. Na conferência participou também Renato Varriale, embaixador italiano em Portugal, que fez uma ligação entre passado e presente. Relacionou o estado da Itália na época do livro O Príncipe com a situação atual, que apresenta várias falhas a nível político, “onde dificilmente existirá uma unicidade político-social”, afirmou o embaixador. Identifica o livro como intemporal, podendo aplicar-se a vários estados. O escritor era “um defensor da liberdade dos povos. A liberdade é vital, é a forma de ir contra os que oprimem”, salientou Diogo Pires Aurélio, professor da Universidade Nova de Lisboa e estudioso de Maquiavel. Segundo o professor, “Maquiavel era um crítico de valores que estão acima dos estados e retrata isso na tua obra”. A escrita de Maquiavel foi revolucionária por vários motivos. Destacam-se o facto de o autor “elogiar a imoralidade, porque violência e mentira existem sempre em política” explicou Diogo Pires Aurélio, e também o elogio da potência do Estado alheia ao direito. A Conferência sobre O Príncipe foi organizada pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas e o Grupo de Estudos Políticos.
Notícia corrigida a 6 de março de 2014, às 10h15. |
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