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Horticultores trocam sementes
Letícia Ferreira · quarta, 26 de fevereiro de 2014 · O Grupo Covilhã em Transição organizou um evento para estimular cultivos tradicionais |
A troca de sementes decorreu de modo informal e animado |
21998 visitas Com o objetivo de diversificar e propagar sementes autóctones, a segunda edição do encontro de troca de sementes realizou-se no passado dia 22, no Museu dos Lanifícios. O programa incluía uma palestra, um workshop e ainda uma visita guiada. Este evento destinou-se à população em geral. Tal como refere Nuno Donato, organizador do grupo Covilhã em Transição, “qualquer pessoa pode ter na janela da cozinha uma planta aromática que use quando está a cozinhar. As pessoas que cá vêm podem levar um alecrim, uma salva ou uns coentros”. O museu começou a receber os participantes às 15 horas. As sementes e plantas para troca foram colocadas em diversas mesas, que foram centro da conversa inicial sobre cultura. Passado vinte minutos, deu-se início à palestra intitulada “Recolha, manipulação e preservação de sementes de árvores autóctones da Beira Interior”. Organizada pela Tribo da Estrela, esta teve o intuito de incentivar à semeação. Os conferencistas apresentaram as diferentes espécies autóctones da região, as épocas de recolha, formas de extração, tempo de viabilidade e diferentes métodos de preservação das sementes. Depois de algumas trocas de conselhos e partilha de experiências, iniciou-se o workshop sobre tingimento com corantes naturais. João Lázaro da Conceição, do Museu de Lanifícios, e Margarida Sousa, da Covilhã em Transição, foram os responsáveis por esta atividade. Num primeiro momento, fez-se uma contextualização histórica dos corantes naturais, fazendo-se uma referência especial à cochonilha, um inseto que cresce em catos e que é usado como corante nas tintas, mas também como aditivo alimentar. Num momento mais prático, os participantes tiveram a oportunidade de assistir a um dos processos de tingimento, e puderam ainda visitar o museu com a presença de uma guia. João Romba, desempregado, participou neste evento essencialmente pela oportunidade de trocar e angariar sementes não transgénicas: “A variedade era muita, não estava à espera de encontrar tanta diversidade de sementes. Foi uma mais valia para os nossos terrenos”. Apesar de ser a primeira vez que participa neste tipo de atividade, João realça a importância desta: “este tipo de evento é fundamental, sobretudo numa altura em que existem grandes grupos a tentarem controlar as nossas sementes”. Bárbara Pais, gestora de comunicação na Transumância e Natureza, achou esta iniciativa muito interessante: “As sementes tradicionais têm de ser preservadas e esta é a melhor forma para o fazer”, até porque o contacto com outras pessoas com o mesmo interesse permite a partilha de experiências. Nuno Donato, organizador do grupo Covilhã em Transição, explicou o intuito deste evento. “A troca de sementes é sempre uma forma de irmos promovendo a diversidade, espalhar um pouco de conhecimento: como é que se planta, como é que se recolhe. Assim as pessoas podem começar a fazer algumas coisas por elas próprias, sem estarem dependentes das sementes que aparecem no supermercado.” O organizador afirmou que a população em geral não reconhece a importância da diversidade num ecossistema, sendo que este depende dos diferentes elementos da fauna e flora e da forma como estão ligados entre si para um bom funcionamento. “Quando um ecossistema sofre um incêndio pode ficar com uma monocultura de um tipo de árvore, por exemplo, e vai sofrer imenso, nunca vai voltar a ser o mesmo. É importante que as pessoas estejam conscientes disso e que dêem o seu contributo”, defendeu Nuno Donato. Embora lamente o pequeno número de participantes, Nuno Donato achou que o evento correu muito bem. Esta segunda edição da “Troca das Sementes” teve a duração de quatro horas e contou com cerca de uma vintena de participantes. Ficou prometido uma próxima feira para o mês de outubro. |
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