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"Arte de bem falar" é tema de foco em conferência de retórica
Sónia Pereira · quarta, 26 de fevereiro de 2014 · @@y8Xxv A arte de persuadir, convencer o outro, saber argumentar e defender pontos de vista em terrenos desfavoráveis, foram alguns dos aspetos salientados e discutidos na conferência "Retórica- a arte de bem falar", na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, apresentada na tarde do dia 24 de Fevereiro. |
Oradores durante a conferência "Retórica- A arte de bem falar" |
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António Fidalgo apresentou o tema da sessão enunciando a sua experiência pessoal e profissional enquando docente da área curricular de retórica, onde deu destaque à criação de um clube de debate da Universidade, que apesar de já não ser actualizado, ainda se encontra ativo para o público que tenha curiosidade em conhecer. A ideia passou essencialmente por criar um espaço de debate universitário comum a todos, à semelhança do que acontece em várias universidades americanas. Conforme o próprio destaca: "Para além da criação desse espaço de debate, é também fundamental saber como uma equipa se deve posicionar e se preparar para vencer um debate.".
É neste âmbito que o reitor defende a retórica como a arte da persuasão, de convencer o outro, de levar o outro a concordar com a nossa opinião, que difere contudo e ironicamente da arte de bem falar. Na democracia o poder obtém-se pela palavra convincente da Assembleia e nunca através da força física ou coerção, e é precisamente nesse aspeto que a retórica se destaca: pelo dom da palavra. Afinal e como António Fidalgo afirma, "já Górgias defendia que a retórica é a melhor de todas as artes e que com ela conseguia vencer banqueiros e médicos. Ele chegou mesmo a dar o exemplo do seu irmão, que apesar de ser médico não conseguia convencer o seu doente a tomar determinado remédio e que ele o conseguia fazer, simplesmente pelo uso da retórica".
Este poder de convencimento que a retórica permite é fundamental na política e Pedro Delgado, fez questão de destacar precisamente esse aspeto através da sua experiência em debates políticos e competitivos, enquanto deputado do PS.
Para além de referir a importância de conquistar uma audiência através do uso da palavra, de que o orador destaca Marcelo Rebelo de Sousa como bom exemplo, o deputado referiu também a importância de “sabermos lidar com públicos e terrenos desfavoráveis, que à partida sabemos que teremos dificuldade em convencer. Nesses casos o objetivo ou a finalidade é outra: a de troca de impressões e não propriamente de convencimento ou de ganhar votos". Saber perceber o outro lado, saber como defender os nossos argumentos e quais os mais corretos para serem utilizados como contra-argumentação, são aspetos essenciais para o "bom" uso da retórica.
Quando questionado acerca do estado da retórica em Portugal, o deputado disse que "não cultivamos a retórica nem a importância dela de forma consistente. O facto de termos caminhado tardiamente para a democracia significa que caminhamos também tardiamente para o debate. Isto tem a ver com a estrutura e a história do nosso país, e também com o facto de não sabermos distinguir o público a quem nos estamos a dirigir e a passar uma mensagem". Todos estes aspetos são vistos pelo deputado como pontos de descuido da retórica em Portugal, que deveriam ser corrigidos e alterados de modo a que a retórica passe a deter uma maior qualidade de uso seja na política, educação ou até mesmo na atividade jornalística, onde esta se torna fundamental para a realização de um melhor trabalho.
Para além de António Fidalgo, Reitor da Universidade da Beira Interior e Pedro Delgado Alves, deputado do PS na Assembleia da República pelo círculo eleitoral de Lisboa, estiveram ainda presentes Helena Alves, vice-presidente da FCSH- UBI, Guilherme Marques Pedro, Director de curso 1º ciclo de CPRI e Gonçalo Filipe, representante do Grupo de Estudos Políticos, que tornaram possível a realização desta sessão.
António Fidalgo apresentou o tema da sessão enunciando a sua experiência pessoal e profissional enquando docente da área curricular de retórica, onde deu destaque à criação de um clube de debate da Universidade, que apesar de já não ser atualizado, ainda se encontra ativo para o público que tenha curiosidade em conhecer. A ideia passou essencialmente por criar um espaço de debate universitário comum a todos, à semelhança do que acontece em várias universidades americanas. Conforme o próprio destaca: "Para além da criação desse espaço de debate, é também fundamental saber como uma equipa se deve posicionar e se preparar para vencer um debate." É neste âmbito que o reitor defende a retórica como a arte da persuasão, de convencer o outro, de levar o outro a concordar com a nossa opinião, que difere contudo e ironicamente da arte de bem falar. Na democracia, o poder obtém-se pela palavra convincente da Assembleia e nunca através da força física ou coerção, e é precisamente nesse aspeto que a retórica se destaca: pelo dom da palavra. Afinal, e como António Fidalgo afirma, "já Górgias defendia que a retórica é a melhor de todas as artes e que com ela conseguia vencer banqueiros e médicos. Ele chegou mesmo a dar o exemplo do seu irmão, que apesar de ser médico não conseguia convencer o seu doente a tomar determinado remédio e que ele o conseguia fazer, simplesmente pelo uso da retórica". Este poder de convencimento que a retórica permite é fundamental na política e Pedro Delgado, fez questão de destacar precisamente esse aspeto através da sua experiência em debates políticos e competitivos, enquanto deputado do PS. Para além de referir a importância de conquistar uma audiência através do uso da palavra, de que o orador destaca Marcelo Rebelo de Sousa como bom exemplo, o deputado referiu também a importância de “sabermos lidar com públicos e terrenos desfavoráveis, que à partida sabemos que teremos dificuldade em convencer. Nesses casos, o objetivo ou a finalidade é outra: a de troca de impressões e não propriamente de convencimento ou de ganhar votos". Saber perceber o outro lado, saber como defender os nossos argumentos e quais os mais corretos para serem utilizados como contra-argumentação, são aspetos essenciais para o "bom" uso da retórica. Quando questionado acerca do estado da retórica em Portugal, o deputado disse que "não cultivamos a retórica nem a importância dela de forma consistente. O facto de termos caminhado tardiamente para a democracia significa que caminhamos também tardiamente para o debate. Isto tem a ver com a estrutura e a história do nosso país, e também com o facto de não sabermos distinguir o público a quem nos estamos a dirigir e a passar uma mensagem". Todos estes aspetos são vistos pelo deputado como pontos de descuido da retórica em Portugal, que deveriam ser corrigidos e alterados de modo a que a retórica passe a deter uma maior qualidade de uso seja na política, educação ou até mesmo na atividade jornalística, onde esta se torna fundamental para a realização de um melhor trabalho. Para além de António Fidalgo, Reitor da Universidade da Beira Interior, e Pedro Delgado Alves, deputado do PS na Assembleia da República pelo círculo eleitoral de Lisboa, estiveram ainda presentes Helena Alves, vice-presidente da FCSH - UBI, Guilherme Marques Pedro, elemento da direção de curso 1.º ciclo de CPRI, e Gonçalo Filipe, representante do Grupo de Estudos Políticos, que tornaram possível a realização desta sessão.
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