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Comunidade judaica retratada em livro
Rodolfo Pinto Silva · quarta, 12 de fevereiro de 2014 · A obra de Antonieta Garcia mostra a presença e o legado de um grupo que marcou a história de Portugal e da Beira. |
A obra foi apresentada no Salão Nobre da autarquia |
21987 visitas Antonieta Garcia acabou a apresentação da obra “A Comunidade Judaica na Covilhã: Descobertas e Inquisição: Apontamentos” com um relato recolhido há algumas décadas: “Revelação da mãe a um filho: o teu pai vendeu as fábricas quase ao desbarato. Tivemos medo que Hitler invadisse a Península, como esteve para acontecer, e o teu pai, antes que fosse tarde demais, vendeu tudo. Faz desse segredo o que quiseres”. O episódio sintetiza a forma como a história do concelho – e da região – está marcada pela presença judaica, que ficou agora registada na obra da historiadora. A apresentação teve direito a Salão Nobre da Câmara da Covilhã repleto e a presença de António Dias Rocha e Jorge Patrão, respetivamente, presidente e secretário-geral da Rede das Judiarias de Portugal, e da embaixadora de Israel em Portugal, Tzipora Rimon. O relato citado encerrou uma intervenção onde a autora passou em revista aquilo que “são séculos de presença judaica”, disse, que terão começado pelas condições da Beira: “No fundo, era um local de abrigo. Quando havia problema de perseguições era de fácil deslocação para Espanha. Depois, havia as emoções, os sentimentos, os familiares que estavam próximos”. O País também era outro. “Na altura das Descobertas, Portugal era o lugar onde todos os sonhos eram possíveis, para quem procurava conhecimento”, lembrou, acrescentando: “O que os manteve teve a ver com o mar e as Descobertas”. Essa presença terá sido sempre favorecida pela relevância cultural dos judeus e os reis reconheciam essa importância. A Judiaria da Covilhã “teve sempre muitos privilégios”, conta Antonieta Garcia. Essas vantagens apontavam para isenções importantes como permissão de porte de armas ou não pagar impostos ao concelho. Aos jornalistas, a antiga docente da Universidade da Beira Interior, manifestou a intensão de divulgar o legado desta comunidade que durante “três séculos soube construir uma identidade determinada pelas perseguições, abertura e fechamento de Portugal ao mundo”, que se cruza com a história do País: “Vale a pena dar a conhecer e eu creio que abrem um pouco os horizontes daquilo que é a história de Portugal e também aqui na Beira”. Antes, Vítor Pereira destacou uma comunidade que marcou o património social, cultural e económico do concelho. Um município que historicamente está marcado por uma atividade: as dos lanifícios. O presidente da Câmara da Covilhã não deixou de lembrar que “a muitos membros deste grupo se deve a passagem de uma manufatura artesanal de panos para um atividade industrial que faria florescer a cidade”. Motivo suficiente para justificar a integração da Covilhã na rede de Judiarias de Portugal. “A decisão tem bases sólidas na herança deste concelho e das suas gentes”, argumenta, acreditando que vai criar um “conjunto de oportunidades de crescimento e maiores dinâmicas”. |
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