Duarte Sequeira é o primeiro aluno da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior (FCS-UBI) a dirigir a Associação Nacional de Estudantes de Medicina (ANEM). O organismo representa mais de nove mil estudantes das oitos escolas que formam médicos em Portugal. Durante a tomada de posse, no sábado, dia 18, o futuro dos profissionais e a atração destes para zonas do Interior estiveram na ordem do dia.

Carlos Cortes foi quem lançou o tema. O presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos socorreu-se de um estudo da Faculdade de Letras de Coimbra, da autoria de Paula Santana, para prever que o desemprego pode vir a afetar a classe num prazo de 10 anos, ou seja, em 2025. O combate a esta realidade foi anunciado como um desafio para a nova direção da Associação.

“A ANEM é importante para fazer ver ao poder decisor que algumas questões podem vir a complicar-se mais nos próximos tempos. Julgo que ninguém nesta sala quer desemprego médico e que ninguém nesta sala poderá defender um financiamento das faculdades de medicina para depois os nossos médicos irem para o estrangeiro”, disse Carlos Cortes.

Em declarações aos jornalistas, após a tomada de posse, Duarte Sequeira deu conta de que o assunto está em agenda. “A ANEM vê esta situação com alguma preocupação já há algum tempo, tendo avisado os parceiros acerca deste problema. Não foi feito muito até agora”, admite, manifestando a intensão “de tentar de alguma maneira começar a resolver o problema”.

VAGAS NÃO SÃO PREENCHIDAS

Para já e mais preocupante, segundo Miguel Castelo Branco, presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar da Cova da Beira, é atrair médicos para o Interior. O que sentimos é que nesta região há vagas e necessidade de médicos. O que vejo é concursos com vagas por preencher”, lembrou o responsável.

Uma dificuldade constantemente presente e que não escapou à análise de Duarte Sequeira, aluno do quarto ano de Medicina que não apenas estuda na Covilhã, como é natural da cidade. Entende porque é que muitos profissionais escolhem outras zonas do país e advoga novas medidas do poder central.

“Haverá atrações diferentes no Litoral, mas penso que são precisas políticas de incentivo a quem quer ficar cá. De facto, desemprego medico poderá não existir neste momento, mas há é uma péssima distribuição dos recursos”, defendeu Duarte Sequeira, para quem o problema reside nas ofertas formativas: “No centro não temos todas as especialidades disponíveis e isso também pesa bastante. Depois temos o nome dos grandes hospitais. Está na altura do governo, na definição das vagas, na forma como faz os contratos e na formação assegurar que os médicos fiquem mais tempo nas regiões do Interior.

CINCO ESTUDANTES DA UBI NA DIREÇÃO

Aluno do quarto ano, Duarte Sequeira conta na nova direção da ANEM com outros alunos da UBI: Sérgio Pereira (coordenador executivo), André Fernandes (coordenador de Informação e Imagem), Helena Fonseca (Departamento de Direitos Humanos e Paz) e Rúben e Raimundo (Departamento de Intercâmbios).

O presidente da ANEM apresenta como desafio para o mandato intervir na política educativa de modo a “assegurar que todos os estudantes de medicina consigam completar a sua formação”. Duarte Sequeira pretende ainda “manter as atividades que têm sido realizadas nos últimos anos”.

Na tomada, onde se sublinhou que a presidência de Duarte Sequeira é também um exemplo da afirmação da FCS no panorama nacional, estiveram ainda presentes o reitor da UBI, António Fidalgo, e o presidente da FCS-UBI, Luís Taborda Barata.