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PENAFIEL: A realidade de um Natal no hospital
Diana Morais · quarta, 25 de dezembro de 2013 · Continuado Marcada pelo mau tempo, a quadra natalícia não é só sinónimo de paz e amor. Enquanto uns festejam o Natal à volta de uma mesa farta, outros passam a noite de Consoada dentro de um hospital. |
Hospital Padre Américo faz diversas abordagens às tradições natalícias. |
21975 visitas Para se perceber como é o verdadeiro Natal dentro de um hospital é importante ter consciência de que existem diferentes realidades dentro do mesmo espaço. No Centro Hospitalar Tâmega e Sousa, em Penafiel, existem quatro grandes vivências do Natal: o dos funcionários, o das crianças, o dos idosos e o dos urgências. O espírito do Natal é alimentado pelos enfermeiros e voluntários do Hospital Padre Américo que marcam a quadra adicionando à sua farda o gorro de Natal, e decorando os corredores do hospital com luzes e enfeites. Na tentativa de alegrar o Natal nos internamentos, no passado sábado o anfiteatro principal foi palco do “Natal dos Hospitais,” gravado apenas para ser transmitido no circuito interno. Várias figuras públicas passaram por lá para tentar animar e aquecer o coração dos doentes. O tradicional prato de bacalhau e batatas cozidas é servido aos doentes na véspera de Natal, sendo acompanhado por vários mimos. Rabanadas, leite de creme, aletria e o bolo-rei, são os marcos especiais da noite de Consoada. Para os mais novos, a hora mais esperada é a da visita do Pai Natal. Distribuindo sorrisos e alimentando o espirito natalício, o velhote de barbas percorre os corredores do hospital acompanhado pelos seus assistentes, os voluntários. Neste dia, até para quem não são permitidas visitas é aberta uma exceção. Ana Reis, enfermeira de serviço com cinco anos de trabalho no hospital, lamenta o facto de não poder estar no jantar de família. Conta que neste dia é preparada uma mesa com doces tradicionais para celebrar o Natal entre o pessoal de serviço. Para a enfermeira da ala da obstetrícia, esta é uma noite bastante especial. As recentes mamãs sentem-se confortadas pelo nascimento dos seus filhos coincidir com o do menino jesus. Já na ala da medicina, contactar com os idosos internados é algo que exige muita força emocional: “esta época é bastante difícil para os mais velhos, se para uns o único desejo era ter a família ao seu lado, outros não têm uma única visita.” Invisível aos olhos da maioria, na ala dos internamentos há profissionais de saúde que tentam de todas as formas levar o espírito do Natal aos doentes. E no serviço de urgência existe a outra face do Natal nos hospitais: Regina Ruão, coordenadora administrativa do Serviço de Urgência da unidade hospitalar explicou que, ao contrário dos outros, este “deve ser o único dia do ano em que as urgências são verdadeiras urgências”. Com o movimento nos corredores visivelmente diminuído na noite de Consoada, há casos que poderiam ser resolvidos em Centros de Saúde e macas com pessoas abandonadas pelos familiares. Maioritariamente idosos e acamados são largados enquanto entram para observação. “Há familiares que chegam a dar números falsos para “fugir” do hospital”, diz Regina. Para a coordenadora, contactar com esta realidade exige uma grande força psicológica: “ter doentes que não estão verdadeiramente doentes nas urgências já é mau, mas despejar pessoas incapacitadas para não terem encargos na noite da Consoada, não é apenas cruel, é desumano”, remata. Para o responsável pela vigilância e segurança, José Mendes, abdicar da Consoadas em família em prol da profissão já faz parte da sua vida. “Nos últimos anos tenho estado serviço. Há aviões no ar, há polícias nas ruas, os médicos estão cá, o mundo não pode parar por ser Natal”. Conformado diz, “esta é provavelmente a noite mais complicada do ano, as visitas triplicam-se neste dia, é complicado manter a ordem, mas alguém tem que o fazer". |
GeoURBI:
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