Jornal Online da UBI, da Região e do RestoDirectora: Anabela Gradim |
O Natal de bata branca
Ana Filipa Cruz e Cristiana Borges e Inês Marques e Sara Ventura · quarta, 25 de dezembro de 2013 · Presépio, luzes e música. São estes os protagonistas da iniciativa Natal no Hospital. |
21959 visitas A frieza da fachada cinza, a azáfama e o som das ambulâncias que remetiam para um ambiente pesado e triste, típico de um hospital, dão lugar a um imaginário natalício. Ao passar as portas do hospital Pêro da Covilhã deparamo-nos com cor, luzes e alegria. “As paredes brancas e frias são amenizadas e humanizadas”, descreve Nuno Abreu, coordenador do Voluntariado da Liga dos Amigos do hospital. Para que tudo isto ganhasse forma, instituições como a Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM), o estabelecimento prisional da Covilhã, lares de idosos e escolas da região aceitaram o desafio de colaborar na concretização do projecto “Natal no hospital”. Esta é uma iniciativa que para além de abrilhantar o espaço, visa promover uma vertente pedagógica com os voluntários que, em alguns casos, são também utentes. A partir do mês de Setembro as decorações começaram a ganhar forma e ao todo foram elaborados 34 presépios que estão agora espalhados pelos corredores do hospital. Tecido, cartão, metal e cortiça, foram alguns dos materiais escolhidos para dar vida ao cenário que representa o nascimento de Cristo. No átrio principal do hospital Pêro da Covilhã, os sons habitualmente ouvidos são camuflados, durante o Natal, pelo eco de notas musicais. Com os seus instrumentos musicais, os alunos da Escola Profissional de Artes da Beira Interior (EPABI) tentam aquecer os corações de quem por ali passa. Esta é uma parceria que dura há já três anos, e que de acordo com João Barros, professor na EPABI, o objectivo é “trazer a música a alguns serviços existentes, desde o hospital de dia à psiquiatria”. Os instrumentistas consideram esta iniciativa enriquecedora, do ponto de vista pessoal e valorizam o tempo que lhe dispensam. Se estar internado não é nada doce, a época natalícia acrescenta-lhe um sabor ainda mais amargo. No hospital, esta quadra é difícil não só para os pacientes mas também para os profissionais que lhes dedicam parte das suas vidas. É com bastante ansiedade que médicos, enfermeiros e auxiliares esperam as escalas de trabalho do mês de dezembro. Cristina Gamboa, enfermeira, afirma que o trabalho nestas noites e dias especiais adquire uma enorme carga emocional. Contudo, a experiência ajuda a contornar a dificuldade e a tristeza de estar fora de casa na noite da consoada. “ O primeiro Natal passado a trabalhar foi muito complicado, mas agora a família já está habituada e claro que lhes custa, mas já é mais fácil”, explica a enfermeira. Os profissionais desta unidade hospital nunca deixam passar esta data em branco. Criaram as suas próprias tradições natalícias e fazem a sua própria ceia de natal, para a qual todos contribuem. Mas nem sempre é fácil cearem juntos, pois existe sempre alguma coisa a acontecer, sempre alguém a precisar de ajuda. Os pacientes não são esquecidos e sempre que é possível os profissionais convidam-nos a juntarem-se a eles na ceia improvisada. Na noite de 24, o hospital alarga o horário de visitas permitindo que todos aqueles que estão impedidos de ir a casa, se sintam mimados e rodeados pelos que mais amam nesta noite tão especial. Nos dias que antecedem a noite de Natal, apesar de todas as transformações que tornam o hospital mais acolhedor, e do carinho e amor depositados pelos profissionais, os desejos e sonhos resumem-se a um: o de passar esse momento no conforto do lar e na presença da família. |
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