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Máscaras e tradições em palco
João Figueira · quarta, 1 de janeiro de 2014 · A última criação da Este Estação Teatral esteve em cena no auditório da Moagem, no Fundão, até ao dia 22 de Dezembro. Eles tapam a cara com máscaras de lata e madeira é uma criação inspirada no careto e tradição das máscaras nas festas de inverno transmontano. |
21976 visitas “Eles tapam a cara com máscaras de lata e madeira” resulta de uma coprodução com o Teatro Municipal de Bragança destinada à VI Bienal da Máscara – Mascararte 2013. Esta criação é um convite à reflexão sobre a interioridade, a desertificação e emigração. Assinado por Nuno Pino Custódio, o trabalho é uma viagem pelas raízes longínquas das celebrações do ciclo de inverno. Tradições milenares, máscaras, demónios e fantasmas que em longínquas eras marcavam presença nas cerimónias do culto dos mortos. A tradição é o tema central da peça. As tradições perdem-se, morrem, e os poucos que ficam acabam por morrer também. Por amor à terra ou teimosia, os que não emigraram, ou não saíram em busca de uma vida melhor nas grandes cidades, tentam manter a tradição. Mas a tradição vai morrendo e não volta, assim como não regressam os que um dia saíram porque ambicionaram uma vida melhor nas cidades ou no estrangeiro. Os poucos que ficam carregam o peso e responsabilidade de manter viva a tradição que acabará enterrada com eles. Os atores mantêm uma relação intimista com o público, de “olhos nos olhos”, “coração com coração” como diz o “Zé Manel” personagem interpretado por Tiago Poiares, no início da sessão. Três músicos acompanham os atores, numa fusão sincronizada com toda a ação, teatro e música tradicional numa sintonia singular. Reflexo de um excelente trabalho a que a Estação Teatral habituou o público ao longo das suas 22 criações originais. Esta 23ª criação da ESTE esteve em Bragança entre 4 e 7 de Dezembro, no Fundão entre 12 e 22 de Dezembro. No início do ano esta peça viajará até Almada nos dias 11 e 12 de Janeiro, Castelo Branco no dia 17 de Janeiro e Guarda no dia 31 de Janeiro. Durante nove anos de existência, a ESTE marcou presença em dezenas de localidades portuguesas e em países como Espanha, Cabo Verde, Alemanha e Brasil. No interior, a Covilhã, como refere Nuno Pino Custódio, continua como uma cidade que não sabe acolher e reconhecer o que é cultural. O mesmo não acontece no Fundão, onde o público demonstra uma plena compreensão do teatro como um importante elemento cultural, conclui. |
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