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PASSÔ: Natal emigrante
Liliana Serafim · quarta, 25 de dezembro de 2013 · Continuado Depois milhares de quilómetros, muitos emigrantes regressam à terra natal para festejar as festas natalícias. |
Presépio de Natal |
21987 visitas Em Passô, freguesia do concelho de Moimenta da Beira, são muitos emigrantes que regressam nesta época. A família Teles e Manuel Coelho são exemplo de emigrante que todos os anos voltam ao país para festejar o Natal com as suas famílias. Depois das férias de Verão, Helena e José Teles regressam novamente a Portugal. Emigrantes em França, não escondem a sua alegria quando chegam ao seu país e à sua terra. “É bom regressar ao nosso país, porque foi onde nascemos e crescemos. É na nossa terra que nos sentimos bem, junto à nossa família”, diz José. O espírito natalício começa na casa desta família com a decoração do tradicional pinheiro natural e com as luzes de Natal no exterior da casa, como refere José. A noite de 24 de Dezembro é festejada em família. A ementa da ceia de Natal é o tradicional bacalhau acompanhado com batata cozida e “troncha”, também conhecida pela couve portuguesa. O casal emigrante não espera pela meia noite para a distribuição dos presentes. Helena Teles afirma que os presentes são distribuídos pela família residente em Portugal, quando os vão visitar após da sua chegada. Manuel Coelho, emigrante há mais de 20 anos em França também regressa à sua localidade todos os anos para festejar o natal com a restante família. Na casa de Manuel , os preparativos para a ceia de Natal iniciam-se pela manhã. Patrocínia Martinho, sua mulher, começa a preparar os doces tradicionais como rabanadas, sonhos, bolinhos de bacalhau, filhoses, arroz doce e aletria para a Consoada e para o dia de Natal. A meio da tarde iniciam-se os preparativos para o jantar da noite de “consoada”. Durante a tarde, a família de Manuel começa a chegar a sua casa e as histórias de infância repetem-se pela enésima vez. Na hora de jantar é servido o prato tradicional, mas também um alterativo: arroz de polvo. Quando o relógio da Igreja Matriz de Passô dá a meia-noite, os presentes são abertos. “As tradições têm vindo a perder-se ao longo dos anos”, refere Manuel. Antigamente, após da ceia de Natal, as pessoas da aldeia saíam à rua em direção ao largo da escola primária para acederem o “tronco de Natal”. Os antepassados diziam que a fogueira era para “aquecer o Menino Jesus”. Segundo Manuel, os emigrantes aproveitavam esta tradição para se encontrarem com antigos colegas de escola onde partilhavam as suas histórias infantis e a vida fora do país. Nos últimos anos, o número de emigrantes que passam o Natal a Portugal tem vindo a diminuir. A crise é um dos fatores para esse decrescimento, pois muitas famílias começam a não ter possibilidades de pagar os custos das viagens, como as portagens e o combustível. Outro dos fatores para este afastamento é existirem cada vez menos ligações com familiares em Portugal: os país vão morrendo e a família mais próxima, os filhos, preferem ficar nos países onde nasceram ou onde estão desde crianças. No dia de Natal, as pessoas da aldeia assistem à Eucaristia de Natal, onde no final se realiza a adoração do Menino Jesus. Durante a adoração, realiza-se as crianças da catequese entregam os presentes ao Menino. A população da aldeia passa o resto do dia de Natal em família. |
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