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SARNADAS DE RÓDAO: o Natal no Interior
Irina Candeias · quarta, 25 de dezembro de 2013 · Continuado A chegada dos filhos, netos e parentes mais próximos é aguardada com ansiedade nesta aldeia da Beira Baixa.. |
Árvore decorada junto à Igreja Matriz |
21968 visitas Em Sarnadas de Ródão, distrito de Castelo Branco, o Natal é esperado, pela população cada vez mais idosa, com o desejo de reunir a família. Esta época é aproveitada para vir à terra que as viu crescer e passar assim o Natal rodeado pelos entes mais queridos. Contudo, de ano para ano verifica-se que há cada vez menos famílias a cumprir esta tradição, até porque “as pessoas que cá moram estão cada vez mais velhas, já não conseguem receber os mais novos como gostariam. E, claro, há muitas pessoas a morrer e os filhos ou netos não sentem qualquer ligação com esta terra”, confessa Maria Baptista, habitante de Sarnadas de Ródão. Nos dias que antecedem o Natal, é tradição construir-se o presépio, no interior da igreja matriz, com a ajuda dos membros do grupo paroquial e de pessoas que todos os anos fazem questão de ajudar. A 23 de dezembro, um grupo de pessoas reúne-se para ir recolher os madeiros que servirão como fogueira à população, no dia 25 à meia-noite. Antigamente, a tradição determinava que eram os rapazes que comemoravam 18 anos de idade no ano em curso que organizavam a fogueira. “Hoje em dia, com a falta de jovens na freguesia, e para não se perder a tradição do madeiro na noite de Natal, um grupo de amigos reúne-se todos os anos para cumprir a tradição”, explica Vitor Oliveira, vice-presidente da junta de freguesia. A ceia de Natal chega com tudo pronto para uma noite agradável em família. A ementa do jantar é o típico e tradicional bacalhau cozido com couve portuguesa, ovos e batatas cozidas. Sendo o arroz-doce a sobremesa tradicional desta zona, não pode faltar na mesa, em conjunto com o tradicional bolo-rei, as filhós, os sonhos e as fatias douradas. À chegada da meia-noite, é hora de abrir os presentes e são sempre os mais novos que anseiam este momento dando alegria e animação às casas. Depois dos presentes partilhados e revelados é altura de ir ao adro da igreja para que, com os amigos, se aproveite o calor da fogueira. O almoço do dia 25 difere de casa para casa: uns preferem cabrito ou borrego assado, havendo ainda que opte pelo peru recheado. Depois do almoço em família, ruma-se à igreja para celebrar o Natal pois a tradicional Missa do Galo deixou de ser celebrada há muitos anos na aldeia. “Não me lembro de existir Missa do Galo, só os mais velhos é que se recordarão. Há mais de 40 anos que não a fazem cá”, explica José Ribeiro, membro do grupo paroquial. Mas Maria Baptista ainda se recorda desta ser celebrada. Terminadas as festas, as famílias regressam a suas casas deixando novamente a aldeia isolada e os seus moradores sós. |
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