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Em Belmonte à descoberta do novo mundo
Cátia Damas e João Figueira e Joana Vilar e Liliana Santos e Luis Almeida · quarta, 8 de janeiro de 2014 · No interior do país há um museu que dá vida à epopeia dos Descobrimentos Portugueses. É na região centro, no distrito de Castelo Branco, que a vila histórica de Belmonte acolhe, desde 2009, o Museu À Descoberta do Novo Mundo. E há uma razão para isso: foi em Belmonte que nasceu Pedro Álvares Cabral, primeiro navegador a chegar ao Brasil |
Entrada do Museu "À Descoberta do Novo Mundo", edificado na antiga casa da família Cabral |
21994 visitas O sossego que se pensaria ser típico de uma vila do Interior contrasta com a chegada de turistas que se deslocam a Belmonte para visitar o seu importante núcleo de museus. Considerado uma das maiores referências do panorama museológico português, o museu também conhecido como “Museu dos Descobrimentos” foi inaugurado a 26 de Abril, por iniciativa da Câmara Municipal de Belmonte. A construção de um espaço que homenageasse as conquistas dos navegadores portugueses, mais concretamente as do belmontense Pedro Álvares Cabral, navegador que descobriu o Brasil em 1500, era o principal objetivo da autarquia de Belmonte. Não é por acaso que o Centro de Interpretação “À Descoberta do Novo Mundo” se encontra sediado na rua Pedro Álvares Cabral. O museu foi edificado nas antigas casas pertencentes à família Cabral, hoje reconstruídas para dar vida a uma viagem no tempo com mais de 500 anos de história: uma viagem que tem início muito antes das caravelas portuguesas partirem. O Espaço museológico, criado pela Arqueohoje, é composto por 16 salas, cada uma com uma característica de interatividade distinta. As imagens, os sons, os textos, as fotografias e as animações convidam o visitante a fazer parte da viagem feita por Pedro Álvares Cabral. Entre as 16 salas há algumas que se evidenciam quer pela sua interatividade quer pela sua importância. A partida é dada em Belmonte, onde nasceu Álvares Cabral. É nesta sala que o visitante fica a conhecer a evolução da vila desde o século XV. Na sala dos descobrimentos a história dos feitos marítimos dos navegadores portugueses é recordada desde 1415 até a chegada de Vasco da Gama a Índia em 1498. A preparação da armada de Pedro Álvares Cabral e da vida difícil que os tripulantes levavam a bordo da caravela é evidenciada numa sala onde as paredes côncavas fazem uma imitação perfeita do interior das naus portuguesas. Os perigos vividos em alto mar pela armada de Cabral, são projetados numa sala onde o visitante pode seguir a viagem da caravela portuguesa em direção à Índia. O final da viagem é descrito através de documentos da época e com base nos relatos que ele e os outros tripulantes fazem do primeiro contacto com as Terras de Vera Cruz. O museu dispõe de uma sala que ilustra os primeiros contactos entre os navegadores e os indígenas. Na Sala da Palavra o visitante tem a oportunidade de experienciar as dificuldades na comunicação originária entre portugueses e indígenas. O tráfico de mão-de-obra negreira é também um assunto retratado neste museu. O Corredor da Escravatura ilustra a dura realidade vivida pelos escravos durante a época dos Descobrimentos, onde o visitante consegue testemunhar os gritos dos prisioneiros bem como a severidade exercida através do chicote. O povo brasileiro é mundialmente conhecido pelo Samba, e numa das salas o visitante é convidado a explorar a música brasileira. A riqueza que Portugal encontrou quando colonizou o Brasil está retratada neste Museu, que dá a conhecer a diversidade de produtos originários das Terras de Vera Cruz. A viagem termina numa sala que faz a ligação entre Portugal e Brasil, e onde também podem ser observadas algumas obras de autores brasileiros relativas à construção social, económica e histórica do Brasil. Portugal tem vários museus construídos para lembrar a sua história O “Museu À Descoberta do Novo Mundo”, situado na vila histórica de Belmonte, destaca-se dos restantes por ser um projeto museológico pioneiro e inovador em Portugal, que recorre às mais modernas tecnologias de multimédia e técnicas museográficas, que permitem uma interação permanente entre o visitante e o espaço. Joana Seco é guia turística na empresa de turismo A2Z Adventures e trabalha a zona de Belmonte há já algum tempo. Acompanhada por um casal de turistas brasileiros, Joana destaca que o museu está bem aproveitado. “Tem o essencial e é muito interativo, o que não se torna cansativo e permite a cada pessoa explorar o tema que mais lhe interessa” justifica a guia turística. Para Selma Rigotti e Eduardo Rigotti é a primeira vez que estão em Portugal e em Belmonte. Selma Rigotti não poupa elogios ao museu, e destaca a proximidade que apresenta com a cultura brasileira. Já o marido, Eduardo Rigotti, não partilha da mesma opinião: “O Brasil não tem só o Carnaval nem Índios”, e justifica a sua crítica chamando a atenção para outros aspetos da cultura brasileira que mereciam ser realçados. Paula Rodrigues é uma das auxiliares técnicas de museografia do Museu das Descobertas e a primeira a testemunhar o sucesso do espaço: “Não tive ninguém que não tivesse gostado. Há quem goste mais, há quem goste menos e há quem saia daqui a chorar porque ficou maravilhado com isto, principalmente os brasileiros”. A auxiliar aplaude a iniciativa que, ao contrário de outros grandes museus localizados nas grandes cidades do litoral, está numa vila do interior. “Ainda bem que se lembraram de fazer aqui alguma coisa pelo interior, porque não podem ser só nos grandes centros e no litoral. O interior só tem a beneficiar com este tipo de iniciativas”, diz. Com um investimento de 2,5 milhões de euros e cerca de 100 mil visitantes, o espaço foi construído obedecendo a um padrão de cientificidade e de qualidade que até já foi reconhecido com o Prémio Turismo de Portugal e o Prémio Inovação e Criatividade da Associação Portuguesa de Museologia, bem como elogiado por Lula da Silva, antigo presidente do Brasil. Além do Museu das Descobertas, fazem parte do guia turístico de Belmonte o Museu Judaico, o Centro de Interpretação dos Caminhos da Fé, o Museu do Azeite e o Ecomuseu do Zêzere, que fazem da vila um lugar de referência no panorama museológico português. |
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