A obra cinematográfica da realizadora experimental Maya Deren e as composições musicais de Teiji Ito e John Zorn servem de mote para o conjunto de construções integradas na exposição “Architecture in [e]MOTION”, que está patente na Faculdade de Engenharia da Universidade da Beira Interior. O conjunto é mais do que uma simples mostra de trabalhos. Resultado de um workshop em que participaram os alunos da licenciatura em Arquitetura da disciplina de Projeto V, cada bloco convida os visitantes a testar os sentidos.

Ao longo da Galeria das Engenharias há caixas onde se descobre um labirinto que transmite a sensação de se estar perdido. Ou entrar numa caixa onde o mundo se transforma num ambiente composto por objetos que nos podem atingir. Há ainda oportunidade para uma nova relação com o som ou o silêncio. Tudo para sugerir ou provocar as mais diversas interpretações.

“Há vários tipos de experiências. Algumas utilizam muito o som como parte de todo um contexto que pretende marcar-nos de alguma forma, outras recorrem bastante à luz e à imagem. Estas pequenas instalações, no fundo, têm diversos conceitos”, descreve Maria João Soares, responsável pelo workshop desenvolvido ao longo do mês de novembro, no qual três curtas-metragens de Maya Deren e a música de Ito e John Zorn foram utilizadas como referência para a conceção das experiências.

Construídos em material reciclado, os trabalhos cruzam com o aspecto da multidisciplinaridade - um tópico fundamental para Luís Moreira Pinto. O diretor do curso de Arquitetura considera que o workshop propicia “a interação entre os alunos e a obra de arte”, algo que “faz bastante falta” na área.

“Architecture in [e]MOTION” pode ser visitada até sexta-feira, dia 22. A organização é da responsabilidade) das docentes Maria João Soares, Clara Germana Gonçalves, Susana Santos e Luís Moreira Pinto.

No workshop, no qual foram concebidos os trabalhos, participaram cerca de 70 alunos e funcionou como complemento à disciplina de Projeto V. A participação dos estudantes foi obrigatória, porque “ajuda a desenvolver as competências de conceção e processos criativos, que depois vão aplicar no projeto da cadeira”.

O ateliê, que já teve uma primeira edição no ano passado, foi dirigido por Maria João Soares, docente da Faculdade de Arquitetura da Universidade Lusíada de Lisboa, e será extensível a outras instituições de ensino superior, segundo Moreira Pinto.