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A Praxe antes do Código
Irina Candeias · quarta, 27 de novembro de 2013 · A evolução da praxe na UBI foi o tema central no primeiro dia do IV Congresso Nacional da Tradição Académica |
22001 visitas A cidade da Covilhã recebeu, no dia 7, novembro, estudantes de várias regiões do país para mais um Congresso da Tradição Académica. No evento, que se prolongou durante o fim-de-semana, discutiu-se o futuro da praxe e a influência de Bolonha na tradição. Maria Emília Baltazar, licenciada em Engenharia Aeronáutica na UBI e também membro da Comissão da Revisão do Código do Traje, foi a oradora convidada no primeiro dia de congresso para falar da sua experiência na praxe antes da criação do Código de Praxe. Em 1988, ano em que Emília Baltazar iniciou a licenciatura, a praxe era constituída por todos os cursos, não havia uma sectorização. Daí que “quando chegava um caloiro para fazer a matrícula estavam 30 veteranos para um caloiro”, explica Emília Baltazar. O início da praxe foi um passo importante, mesmo tendo sido carimbada, riscada e escrita com batom quis guardar aquele momento numa fotografia, até porque “nunca ninguém me fez nada sem que eu dissesse que podia”, confessa Emília Baltazar. Emília Baltazar criticou ainda o programa das receções ao caloiro nos últimos anos dizendo que “naquela altura a receção ao caloiro era mais que uma série de concertos, pois tinha opções para que os estudantes pudessem crescer como pessoas, tanto socialmente como culturalmente. Havia concertos de jazz, dança, teatro e, claro, os concertos com bandas nacionais e internacionais. Cada dia da semana tinha um dia dedicado a uma unidade científico-pedagógica (atuais faculdades).” A oradora convidada vai ainda mais longe e compara a tradição que Coimbra mantém na sua academia com a pouca ou nenhuma que a UBI conseguiu manter. Mantendo o tom de crítica, mostrou-se indignada com os organizadores de Latada, e explicou porquê: “Ou os organizadores de Latada não curtiram a deles e, portanto, querem repetir a experiência, ou entendem que os seus caloiros são seres completamente acéfalos que não são capazes de organizar uma Latada”. No seu tempo “os veteranos explicavam apenas que era a Latada e o dia da realização”, remata. Por outro lado, sugeriu dois eventos que também antes eram realizados e que se perderam no tempo. O rali paper, que ajudava os caloiros a conhecer a cidade e o concelho, e o baile de gala, onde era revelado o vencedor da Latada. O Código de Praxe da UBI surgiu em 1999, redigido por Emília Baltazar com mais duas pessoas, e foi revisto depois por outras duas. Ele aparece porque “começou a acontecer aquilo que acontece quando não há regras”, explica. Abusos por parte dos mais velhos sobre os caloiros durante todo o ano e não somente no tempo de praxe. Para a construção do código, Emília Baltazar analisou os de diversas universidades, nomeadamente nas regras de utilização do Traje Académico. Contudo, para a oradora o traje académico é o de Coimbra, até porque “foram eles que o inventaram e implementaram, portanto tudo o resto são derivações disso”, explica Emília Baltazar. Para terminar, sugere mais uma ideia à associação académica onde revela achar importante a venda do Código de Praxe em papel, porque é nele que os novos alunos se devem apoiar e tomar conhecimento dos seus direitos. O primeiro dia de congresso terminou com a atuação do grupo de fados da UBI, onde o público era maioritariamente de estudantes vindos de outras universidades. No segundo dia de congresso foram vários os oradores convidados. Entre eles, Edgar Lopes, juiz desembargador da Comarca de Lisboa, que falou sobre a Praxe e o Direito, e antigo Presidente da Câmara Municipal da Covilhã, Carlos Pinto, que abordou o tema a Praxe e as Cidades. Para terminar, os Seis Anos de Bolonha foi o tema debatido por Pedro Manquinho. O último dia foi marcado por uma ação de praxe solidária com a recolha de sangue pelo Instituto Português do Sangue e da Transplantação. O tema abordado neste dia foi o futuro da praxe, com vários intervenientes das diversas universidades do país. A organização considerou o congresso muito positivo porque houve “palestras muito interessantes e cerca de 80 pessoas de oito academias, sem contar com a UBI”, explica Nuno Macedo, um dos organizadores e regente máximo da praxe da UBI. Contudo, a participação da academia ficou longe da expetativa da organização, talvez “por ser uma altura de frequências”, confessa Nuno Macedo. |
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