O lançamento do livro “Sexo, Crianças e Abusadores” não é só o projeto de mestrado de Filipa, é também um sonho realizado. Foi na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) da UBI que a aluna da universidade deu a conhecer o seu livro no passado dia 14 de novembro.

Licenciada em Psicologia, o objetivo da autora do livro era desenvolver medidas para salvaguardar as crianças abusadas sexualmente. Salientou que “é preciso construir um perfil personalidade e um de saúde mental dos abusadores e aceder à forma como os abusadores concebem a criança e como cometem o crime”. Filipa Carrola contactou com criminosos sexuais nos centros prisionais da Covilhã, Castelo Branco, Guarda e da Carregueira para recolher informações sobre o perfil de cada um. A sociedade tem a ideia pré-concebida de que os abusadores vivem em bairros economicamente desfavorecidos e são pessoas violentas. O livro acaba com estes mitos “são pessoas como nós que vivem quotidianamente em sociedade e que não têm antecedentes criminais por crimes sexuais”, advertiu Filipa Carrola que conhece outros estudos que o comprovam.

O prefaciador da obra foi José Martins Barra da Costa, criminalista e professor universitário, que durante a sessão mostrou admiração pela capacidade da Filipa para entrar numa instituição prisional e analisar individualmente cada caso. Autor do livro “Sexo, Nexo e Crime” onde aborda a violência sexual nas mulheres e nos menores, Barra da Costa salientou que o livro da Filipa tem uma componente prática que completa a parte teórica do seu. “No nosso país a pedofilia não conta com o apoio do poder político e do poder judicial”, destacou Barra da Costa, infelizmente o abuso sexual de menores tende a ser desculpado como uma variante da homossexualidade. Portugal têm ainda muitas lacunas a nível jurídico no que diz respeito a estes temas. Não há listas de abusadores sexuais e onde é que eles se encontram, “os pedófilos portugueses vão conseguindo que a lei e a sua execução lhe vão reabilitando a tara sexual todos os dias” fez notar o criminalista. O caminho a seguir está ainda muito longe. Enquanto cumprem a pena, os abusadores, deviam ter um acompanhamento mental para resolver os seus problemas, quando voltam para a sua vida em sociedade os seus problemas continuam, e em muitos casos até já têm outros.

Andreia Simões, mestre em psicologia, comprou o livro e reconheceu que “o tema do livro é bastante atual, e vai ajudar a aprofundar conhecimentos que vão ajudar muitas crianças”.

No final da sessão, Filipa Carrola resumiu qual a é a mensagem do livro: “devemos dar uma educação às crianças para prevenir e não para remediar, e é isto que nos vai poder garantir que as crianças vão ter direito á infância”. A autora descreveu também quais as características mais frequentes num abusador sexual de menores.