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Sem Rede: uma crítica à sociedade atual
Letícia Ferreira · quarta, 6 de novembro de 2013 · Continuado A peça que reflete a sociedade portuguesa dos dias de hoje foi representada pelo grupo sintrense, Chão de Oliva. |
A peça decorreu sem problemas (Fotografia cedida por ASTA) |
21957 visitas A peça "Sem Rede", da dramaturga Ana Saragoça, chegou aos palcos de Covilhã depois de ter estado recentemente na Casa de Teatro de Sintra. A produção da Companhia de Teatro Chão de Oliva integrou o programa do festival de dança e movimento contemporâneo, Contradança. Contada de forma tensa e cómica, "Sem Rede" reflete o estado atual do país e da sociedade portuguesa. O espetáculo tem como cenário um jantar que decorre na casa de Alice, ativista sindical e mãe solteira, e de Isabel, sua filha. Bruno, ex-namorado de Alice, é o convidado. Quando eram novos, ele era uma influência para Alice. Agora, ela depara-se com uma pessoa mudada, um gerente de uma dependência bancária que abandonou todos os ideais que ela ainda defende. Alice decide, por isso, abandonar a ideia de recuperar a relação amorosa. Ao longo da cena, Isabel confronta-se com os moralismos da geração da mãe, acabando por criticá-los. Ela é uma jovem recém-licenciada que se sente perdida quanto ao rumo a seguir, não tendo perspetivas de futuro em Portugal. Maria João Carvalho, assistente administrativa, assistiu ao espetáculo e ficou satisfeita. “Gostei dos momentos intercalados de humor e, ao mesmo tempo, fez-me pensar numa série de questões que eu acho pertinentes. São temas atuais.” Maria João Carvalho recomenda a peça e acrescenta que conseguiu rever-se em determinadas situações que foram sentidas e expressas na representação teatral. João de Mello Alvim, o encenador da peça que trabalha há 27 anos na companhia de teatro Chão de Oliva, conta como surgiu a ideia para este espetáculo. “Como de facto estamos a viver uma situação que merece reflexão da nossa parte, como criadores, e do público, desafiámos a autora a escrever uma peça contemporânea.” O nome da peça está relacionado com um futuro incerto, inseguro. “Acho que de facto vivemos num tempo em que todos estamos Sem Rede. Eu, com 60 anos, não sei muito bem qual é o meu futuro”, diz o encenador. Acrescenta ainda que sempre que assiste e reflete sobre a peça se sente cada vez mais "Sem Rede". O objetivo da peça é pôr as pessoas a pensar, a refletir. “Eu acho que a função do criador não é de facto condicionar o pensamento do público. Nós fazemos peças, e esta é uma delas, para questionar as pessoas. O leitor tira e aplica as ilações que quer”, afirma João de Mello. O espetáculo começou às 22 horas e teve a duração de uma hora e contou com cerca de quatro dezenas de espectadores. A peça de teatro esteve três semanas em exibição em Sintra, tendo passado por Matosinhos a 23 de outubro, e ainda por Ponte de Sôr a 1 de novembro. |
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