As sextas jornadas vão servir para a apresentação de comunicações de académicos que investigam na área do cinema, seguido de um ciclo de cinema português, a decorrer na Moagem, Cidade do Engenho e das Artes, no Fundão. Este ciclo contará com a presença dos realizadores dos filmes e comentadores, sendo todos os filmes projetados a partir de cópias em película cedidas pela Cinemateca Portuguesa / Museu do Cinema, que se associa a esta iniciativa que conta também na organização com a Associação Luzlinar.

Segundo os organizadores, os encontros cinematográficos associam‐se à Universidade da Beira Interior (UBI) na organização deste ciclo de cinema português designado por “Filmes Proibidos” e, integrado na VI Edição das Jornadas de Cinema em Português. Frederico Lopes, docente da academia e um dos organizadores, explica que se trata “de um projeto conjunto, a desenvolver durante os próximos anos, que pretende, de algum modo, homenagear três décadas do Cinema Português (1970/80/90), e dar visibilidade ao conjunto das obras produzidas e financiadas e que foram proibidas: proibidas pela censura nos quatro anos antes do 25 de abril e, sobretudo, ‘proibidas’ pelo circuito comercial depois da revolução. Em qualquer dos casos trata‐se de obras de acesso negado ao público em geral durante mais de 30 anos”.

Vão ser assim exibidos filmes que na sua esmagadora maioria não tiveram sequer estreia, tendo sido apenas apresentados pontualmente na Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema ou noutros espaços em contextos muito especiais. Esta é, por isso, “uma oportunidade única de ver esses filmes no contexto de exibição em sala”, garante o docente. Cada projeção será única e efetuada a partir de cópias em película cedidas pelo Arquivo Nacional de Imagens em Movimento (ANIM) da Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema, entidade que apoia esta iniciativa.
Para este primeiro programa, “dos cerca de 40 filmes que encontrámos naquelas condições, elegemos seis para apresentar já nestas jornadas ‐ Histórias Selvagens de António Campos, Sofia e a Educação Sexual de Eduardo Geada, Gestos e Fragmentos de Alberto Seixas Santos, O Movimento das Coisas de Manuela Serra, O Som da Terra a Tremer de Rita Azevedo Gomes, e Rosa Negra de Margarida Gil”. As sessões contarão com a presença em sala do realizador e de um comentador convidado e serão seguidas de um debate/discussão aberto a todos os presentes.
Os textos dos comentadores darão origem, ainda durante o próximo ano, ao primeiro número da série Cadernos do Cinema Português, que será anualmente publicada pela Universidade da Beira Interior em parceria com a Associação Luzlinar e o Município do Fundão.
Quer o ciclo, quer a publicação “visam contribuir para dar visibilidade e voz a um conjunto imenso do nosso património cinematográfico ingratamente votado ao esquecimento e que agora insistimos revelar: contra todas as proibições”, diz Frederico Lopes.