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Arqueologia do presente: os lanifícios
Sara Costa · quarta, 25 de setembro de 2013 · O Museu de Lanifícios da Universidade da Beira Interior assinalou as Jornadas Europeias do Património nos dias 20 e 21 de setembro. A iniciativa contou com um ciclo de palestras e exposições que lembraram o património do concelho. |
O Museu da UBI foi uma vez mais palco das comemorações das Jornadas Europeias do Património |
21956 visitas “Arqueologia do presente: os lanifícios”. Foi este o tema escolhido pelo Museu de Lanifícios da UBI para celebrar as Jornadas Europeias do Património. A importância da indústria têxtil e dos edifícios esteve em debate numa iniciativa que lembrou o passado e projetou o futuro. A reflexão sobre a importância do património cultural e da preservação da sua memória surge numa altura em que se comemoram também os 250 anos do edifício da Real Fábrica Veiga. Na palestra de abertura do evento, António Santos Pereira, diretor do museu, destacou a importância daquele que considerou o “património imaterial do passado”, sublinhando ainda o papel da universidade, que tem tido uma missão pedagógica junto da comunidade. A iniciativa contou também com a participação de outros agentes culturais da região, entre os quais a Quarta Parede, Associação de Artes Performativas da Covilhã. Para Rui Sena, diretor desta instituição, o concelho tem de facto muito património, mas existem ainda muitos espaços pouco conhecidos e que precisam ser recuperados. Os portões e as chaminés espalhadas pela cidade são apenas alguns dos elementos a precisar de intervenção. A aposta no turismo cultural poderia ser, na opinião de Rui Sena, outra forma de promover a recuperação e enriquecer o concelho. Neste âmbito destaca um conjunto de espaços com muito potencial e que se encontram praticamente abandonados, como são os casos da fábrica Campos Melo, da fazenda de secagem e das râmolas. O diretor da Quarta Parede considera ainda que a interseção entre arquitetura, artes performativas e memória, nomeadamente com a recolha de depoimentos junto dos habitantes, pode dar visibilidade à temática e ajudar no trabalho de conservação. O património existente no concelho também já é conhecido no estrangeiro e a prova é a investigação que Pedro Ortuño decidiu fazer na Covilhã. A trabalhar com alunos da UBI, o artista multimédia espanhol explica como a partir da riqueza histórica de imagens e património surgiu a ideia para a sua exposição. “As aranhas e as teias das máquinas que habitam estes espaços abandonados inspiraram-me a fazer a exposição fotográfica. A ligação entre o trabalho das mulheres que teciam e trabalhavam com os fios”, realça o autor, foi também decisiva. Fotografias a fábricas e zonas esquecidas, entrevistas a habitantes do concelho e, sobretudo, a antigos tecelões, foram algumas das técnicas que Pedro Ortuño usou para fazer um trabalho artístico pela cidade e assim reter a sua paisagem estética e industrial. O artista mostrou-se mesmo surpreendido com tudo o que encontrou, afirmando que “é incrível que hajam lugares com tanta memória e tão bem conservados”. O trabalho desenvolvido por Pedro Ortuño estará em breve disponível numa plataforma web, onde o artista pretende que outros também possam expor os seus trabalhos, criando assim uma base de dados que ajude a formar uma memória dos espaços e dos edifícios visitados. Todos os interessados em visitar a exposição fotográfica de Pedro Ortuño, poderão fazê-lo até dia 13 de outubro. |
GeoURBI:
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