Um novo protocolo de colaboração entre um dos jornais regionais mais antigos do País e a Universidade da Beira Interior, constituiu um dos eventos realizados no âmbito das comemorações dos 100 anos do “Notícias da Covilhã”.

No evento que decorreu na passada sexta-feira, no Anfiteatro da Parada, na UBI, falou-se sobre a imprensa regional e a importância deste tipo de publicação no contexto do espaço português. Prevista a conferência de Francisco Pinto Balsemão, presidente do grupo Impresa e antigo primeiro-ministro, este acabou por não se deslocar à “cidade neve” por motivos de saúde.

A intervenção sobre o “Notícias da Covilhã” e sobre a imprensa regional, acabou por ser lida por Albérico Fernandes, assessor de Balsemão. Segundo este, os tempos “são de crise instalada”, num dos sectores “vitais para o bom funcionamento da sociedade”. No seio desta falta de verbas e de cenários menos favoráveis, “são poucos os jornais, nomeadamente de índole regional, que se podem orgulhar de conseguir estar no ativo há um século”. O alerta de Balsemão, lido por Albérico Fernandes, vai no sentido de dar relevo ao facto de “em períodos como estes, muitos dos grupos ou jornais não conseguirem sobreviver”.

A aposta passa assim, “pela inovação”. Mas também “pela tecnologias e pelas novas formas de comunicar”. Segundo a mensagem do presidente do grupo Impresa, estas apostas não podem deixar de feitas em sequência “com a profissionalização dos jornalistas e das pessoas que fazem as notícias” isto porque, num cenário de crise e de multiplicação das fontes “há que saber e ser capaz de separar o trigo do joio”. Se não houver quem exerça as funções de filtragem da informação, “vamos começar a nivelar por baixo os conteúdos que nos são passados como notícias verdadeiras”, alerta.  

Já Fernando Brito, atual diretor do “Notícias da Covilhã” sublinha os desafios que são colocados à imprensa regional “uma imprensa de proximidade que se assume como uma forma de informação fundamental para a nossa sociedade”. O problema dos portes dos correios, da falta de publicidade, mas também “o verdadeiro acesso à fontes são hoje obstáculos cada vez mais difíceis de enfrentar”, diz o diretor do semanário.

No fim de cem anos de vida, o “Notícias da Covilhã” segue num rumo “em que tem bem ciente a necessidade de se reinventar periodicamente. Daí a grande aposta na página online e nas novas plataformas de comunicação, mas sem nunca perder a identidade própria de um jornal de inspiração cristã”. Para além desta conferência estão agendados diversos eventos, como exposições temáticas e conferências sobre o jornal e a região. A iniciativa que teve lugar na UBI foi aproveitada para a assinatura de um protocolo de cooperação entre a academia e o jornal com sede na Covilhã. Promover a colocação de alunos no mercado profissional e a partilha de informações entre as duas entidades são alguns do pontos que compõem este novo memorando.