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O que a ADE desune, a câmara quer juntar
Eduardo Alves · quarta, 18 de setembro de 2013 · Continua a novela em torno da Associação Desportiva da Estação (ADE). A coletividade que se encontra com um passivo de um milhão de euros quer agora doar o seu património à edilidade, mas nesta oferta está também o saldo bancário negativo. |
A maioria dos vereadores da autarquia serrana votou contra a proposta da câmara que assumia a dívida da ADE |
21954 visitas As repercussões da falta coletiva dos três vereadores do Partido Socialista e dois do Partido Social Democrata à primeira sessão da câmara de setembro parece terem sido assinaláveis para todos os membros do elenco camarário. Isto porque, os cinco vereadores que na passada semana asseguravam não voltar às reuniões de trabalho até às eleições de 29 de setembro, regressaram passado uma semana, para novo encontro. Desta vez, uma das mais polémicas decisões da autarquia covilhanense não ficou sem resposta por falta de quórum. Trata-se pois da situação financeira da Associação Desportiva da Estação (ADE) e dos compromissos feitos pela autarquia para resolver o problema. A dívida contraída pelos responsáveis deste clube junto das entidades bancárias ascende já a mais de um milhão de euros. Um montante que, segundo os membros da direção do clube, serviu essencialmente para a construção do complexo desportivo. Estrutura localizada junto à Adega da Covilhã, mas que ainda não se encontra concluída. Face a esta situação, Carlos Pinto, presidente da autarquia serrana, sublinha que a edilidade tem uma proposta que parece resolver o assunto. Uma solução que passa pela atribuição de um subsídio de 150 mil euros, no imediato, “para responder a assuntos urgentes de tesouraria” e o pagamento da dívida global do clube “num período de vários anos, ficando a autarquia com a propriedade do complexo e este espaço a ser utilizado por várias coletividades do concelho”. Mas se o edil pretende unir os vereadores da “maioria celerada”, assim classificada por Carlos Pinto, estes não parecem estar na mesma frequência. Pedro Silva, eleito nas listas de Pinto diz agora lamentar “a postura do senhor presidente”, que vai no sentido de “impor a elementos democraticamente eleitos a vontade dele”. João Esgalhado, também PSD e outrora vice-presidente da câmara liderada por Carlos Pinto vai mais longe. O vereador social democrata diz que os últimos episódios desta novela não passam de “um chorrilho de mentiras com o presidente da câmara a pretender enganar a opinião pública sobre o que tem vindo a ser o procedimento e a tomada de posição dos vereadores”. Esgalhado diz que “o presidente da câmara andou 12 anos a enganar a ADE, esta associação era titular de terrenos que o senhor presidente da câmara pediu ao ADE com o compromisso de que, com a venda destes terrenos, pagar o equipamento que está a ser construído. Ao longo dos anos tem vindo a falhar e em cada ciclo eleitoral faz novas promessas”. O antigo responsável pelo pelouro do urbanismo, na edilidade serrana lançou o desafio a Vitor Rebordão, presidente do ADE para que este divulgue “há quantos anos anda a bater à porta da câmara para que este assunto seja resolvido. O presidente do ADE está forçado a aceitar esta proposta. Está a ser forçado a entregar à câmara instalações que valem muitíssimo mais e isto é apenas uma situação de palcos eleitorais. Estou convencido de que, quem vencer as próximas eleições vai resolver o problema do ADE”, apontou. A falta de comparência na passada semana foi afinal, “uma forma de protesto, porque se tivéssemos vindo e tivéssemos votado, as decisões não teriam o mesmo impacto mediático”, explicou João Esgalhado Por outro lado, João Carlos Correia, vereador do PS, classifica as mais recentes intervenções do edil covilhanense como "um recurso a manobras dilatórias" que servem apenas para que o atual presidente da câmara “queira obrigar os vereadores a tomar partido em temas que se repercutem política e financeiramente no próximo executivo autárquico”. Correia sublinha que “a ADE é um caso que nos penaliza a todos. É em grande parte culpa do atual presidente da câmara a ADE se encontrar na situação em que está”. No entender do vereador socialista “ao longo dos últimos anos existiram muitas promessas de financiamento que foram sendo adiadas e não asseguradas, protocolos que nunca se vieram a concretizar em atos, entre outros assuntos”. Para o eleito socialista, “a ADE foi avançando e fazendo o seu caminho. Nós gostaríamos muito de ajudar a ADE e estaríamos eventualmente dispostos a aprovar o subsídio de 150 mil euros, o que nos é apresentado é muito mais que isso, é todo um pacote financeiro que exige maior ponderação e uma compreensão cuidadosa de todos. Em negócios desta envergadura devem ser os novos elementos a decidirem, porque vão ser eles a pagar essas decisões”, atesta. |
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