A escolha não poderia ter sido melhor. Dirigido por Giuseppe Tornatore, “Cinema Paraíso” pode ser um exemplo do que acontece com a sétima arte ou a falta de salas de projeção numa localidade. Com o encerramento das salas de cinema existentes numa superfície comercial da cidade, todo o concelho ficou sem um espaço de mostra de filmes.

Os membros do PCP da Covilhã decidiram agora mostrar o filme do italiano num evento singular na “cidade neve”. No próximo dia 19, pelas 22 horas, o Largo de Santa Maria vai ser transformado numa sala de cinema ao ar livre. Naquele local, para quem queira assistir, vai ser mostrado o “Cinema Paraíso”.

Já a Covilhã, do ponto de vista dos comunistas, parece estar longe deste “paraíso cinematográfico”. Segundo os mentores da iniciativa, “a cultura não é, não pode ser uma curva da oferta e da procura. É um direito fundamental que o Estado, central e local, devem promover e garantir. No entanto, o que tem sido feito tem sido exatamente o contrário. No caso do cinema, assistiu-se à entrega da oferta cinematográfica aos monopólios privados, a diminuição dos apoios aos cineclubes, o encerramento de equipamentos municipais, etc.”.

Na Covilhã, o encerramento das salas de cinema e a ausência de alternativas a esse facto, é, no entender dos membros do PCP, “bem ilustrativa de uma política municipal que encerrou o Cine-Centro, asfixiou e liquidou o Cineclube, deixando a cidade e as populações sem acesso ao cinema. Uma realidade ainda mais inaceitável tendo em conta a existência da licenciatura de cinema da UBI”.

É neste quadro, e tendo como objectivo alertar para o abandono camarário às artes performativas e cinematográficas no concelho da Covilhã, que a CDU vai levar a efeito a projecção ao ar livre deste filme. Um evento que terá lugar no próximo dia 19, pelas 22 horas. “Este é um ato simbólico mas que afirma a vontade e a proposta da CDU para que a cidade não seja apenas um espaço geográfico, amorfo e dependente de favores, sempre nos bastidores”, apontam ainda os mentores da iniciativa.