Os vereadores da Câmara da Covilhã bem alegaram que representavam a maioria do executivo e como tal tinham o direito a entrar nas instalações do “Espaço das Idades”, mas os seguranças privados requisitados pela autarquia mostraram-se redundantes e barraram a passagem aos eleitos. A estes e a todos aqueles que tentavam aceder às instalações e cujo nome não figura numa lista redigida pelos responsáveis autárquicos.

Esta é a mais recente medida tomada pelo executivo liderado por Carlos Pinto, no que diz respeito ao “Espaço das Idades”. Recorde-se que as últimas semanas têm sido preenchidas com episódios sobre aquela estrutura, que vão desde a retirada do assessor de Carlos Pinto destacado para aquele local, ao impedimento ao mesmo, por parte da câmara, com a colocação de um veículo pesado do município a “tapar” a entrada e no início da semana, a substituição de todas as fechaduras do local alugado à Rude e a colocação de dois vigilantes de uma empresa privada de segurança, que verificam o acesso às instalações.

Para já, a autarquia liderada pelo social-democrata, Carlos Pinto, diz que a estrutura irá estar encerrada durante duas semanas. Em conferencia de imprensa, ontem à tarde, Pedro Farromba, vice-presidente e candidato à presidência daquele órgão, diz que o encerramento do “Espaço das Idades” é temporário e que este irá voltar ao funcionamento com novas valências. Já Paulo Rosa, vereador com o pelouro das coletividades vai mais longe e aponta a inexistência de um protocolo que “transfira para a Junta de Freguesia de Santa Maria a gestão do Espaço das Idades”. O acordo que existe entre a câmara, a Rude e aquela junta, “prevê, como tantos outros, transferências financeiras para pagamentos de água, luz, renda e outras atividades”.

Já os dois vereadores, sem pelouros, do PSD e um dos vereadores do PS, na passada segunda-feira, e após terem sido alertados para a presença de seguranças privados no espaço deslocaram-se ao “Espaço das Idades”, mas tal como os utentes, também ficaram pelo portão de acesso. Vítor Pereira, PS e João Esgalhado e Pedro Silva, PSD, que representam a maioria do executivo camarário identificaram-se e solicitaram a entrada no local. Contudo, tal não foi permitido por dois elementos de uma empresa de segurança. Os funcionários desta empresa, apenas informaram os vereadores que os seus serviços foram solicitados pela autarquia e que só permitiam o acesso ao local a pessoas cujo nome consta de uma lista elaborada na edilidade. Perante esta situação, os três eleitos solicitaram a presença da PSP no local e a identificação dos funcionários da segurança.

Ontem deram entrada no Ministério Público várias queixas que tiveram origem neste episódio. Os vereadores que se deslocaram ao local subscrevem agora uma ação contra quem ordenou a presença de seguranças no local e também, quem está a impedir o acesso ao mesmo. Pedro Silva recorda que existe um protocolo assinado com a Junta de Freguesia de Santa Maria para que esta tutele aquele espaço, quer esse protocolo ou a suspensão do mesmo, quer a contratação de segurança privada para um espaço municipal “são temas que ainda não foram discutidos em nenhuma reunião de câmara”. Foi também apresentada queixa “sobre quem deu a ordem e contra desconhecidos para saber quem soldou portas e rebentou portas. E contra a empresa de segurança que não pode impedir o acesso a membros de pleno direito da instituição que supostamente contratou esta mesma empresa de segurança”.

O vereador eleito pelo PSD vai mais longe e acrescenta que “quem toma atitudes destas, na minha opinião isto é de quem não está no pleno exercício das suas faculdades mentais”. Um momento que se junta a tantos outros que têm marcado os mais recentes dias do “Espaço das Idades”.

António Rebordão, presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria e até ao passado mês, assessor do presidente da câmara, sublinha que o organismo que preside iniciou uma queixa contra a Câmara da Covilhã. Na base desse denúncia está o facto “do protocolo existente entre ambas as partes ainda não ter sido denunciado e a presença de pessoas contratadas pela câmara, neste espaço, é ilegal, pelo que este ato é um assalto”.