A aposta da Ecolã no Burel deve-se essencialmente a ser um Tecido de Lã 100% natural, de características impermeáveis e vindo directamente dos pastores, que lhe confere qualidade e garante a pureza da lã no produto final.

Ao dedicar-se exclusivamente à produção em Burel a empresa, tem conseguido perpetuar e divulgar uma atividade incontornável da Região da Serra da Estrela com base na tecelagem tradicional em lã – e que outrora contribuiu para o seu reconhecimento, em Portugal e no estrangeiro, pela sua intensa atividade no sector dos lanifícios, preservando a tradição e a identidade cultural da região e a consequente criação de emprego local.

O processo de confecção do tecido em Burel é muito simples. Coloca-se o tecido de lã no tear e para adquirir as características de impermeabilização e aquecimento passa por um processo chamado “pisão” ou “batano”. O tecido saído do tear é colocado numa tina em madeira onde está permanentemente água corrente e ao mesmo tempo é batido com malhas em madeira entre um período de 3 a 5 horas. Para o tecido para ficar mais duro deverá ser batido um maior número de horas. O que torna o Burel especial é ser 100% natural e ser feito de forma artesanal, conferindo-lhe a qualidade e autenticidade características.

As fases do processo produtivo respeitam os métodos tradicionais através de diversas operações. A título exemplificativo destacam-se, a “urdideira” manual referente à preparação do desenho do Burel, a utilização de teares de lançadeira com origem no início do século passado, seguindo-se o travamento na auréola, que lhe confere maior resistência e perfeição. As franjas e a torção, ambas confeccionadas manualmente, são características que garantem uma simetria total entre o desenho e a franja, melhorando a apresentação do produto.

Na confecção do burel, a matéria-prima utilizada é 100% lã de ovelha em cores naturais sem recurso a tinturaria, mantendo intocáveis todas as propriedades desta fibra natural – resistência, elasticidade natural, biodegradável, etc. É realizado um acompanhamento no ciclo de transformação da lã, desde a tosquia durante o mês de maio, à compra da lã de ovelha bordaleira Serra da Estrela directamente aos pastores, nos meses de junho e julho, passando à lavagem, posteriormente à fiação e finalmente a tecelagem.

O crescimento deste Projecto da Ecolã tem perseguido dois objetivos: responder às exigências do mercado regional e local através da produção de trajes serranos, tais como jaquetas do pastor, casaco joana, capotes, capas, chapéu Burel, assim como outros produtos de cariz local; e em simultâneo ir ao encontro dos mercados português e internacional com a introdução de novos modelos e padrões, sempre atento às respetivas tendências, divulgando este trabalho ancestral e contribuindo decisivamente para afirmar o carácter intemporal e por consequência a atualidade do projeto.

O resultado, em termos de produto final, é bastante diversificado. Na sua essência o burel é um tecido típico de montanha, ligado aos pastores, às mantas de viagem, mantas de pastor, cobertores, cachecóis, echarpes. No entanto nos últimos anos a empresa desenvolveu vários complementos e novos artigos como tapeçarias, produtos para decoração de interiores, como cortinados, colchas, toalhas, e tecidos para estofos. Este tipo de complementos encontram-se hoje presentes em diversas casas de montanha, estabelecimentos hoteleiros, nomeadamente nas Pousadas de Manteigas, Belmonte e Alcácer do Sal, em casas de turismo rural e em variadíssimos restaurantes do País.

Este tipo de produto é procurado devido à sua qualidade, a ser natural e destinar-se a nichos de mercado ecológico e sustentável. Normalmente o público que compra artigos em Burel já está devidamente informado das suas características, revelando-se conhecedor deste tipo de mercado artesanal.

O percurso da Empresa Ecolã, tem sido bastante diversificado nas suas vendas em Portugal, presente em lojas de Lisboa, Porto, Évora, Faro, Lagos, Nazaré, Óbidos e Sintra. No estrangeiro, as suas vendas destinam-se ao Japão, Coreia do Sul, Itália, Alemanha, França, Bélgica e Noruega.

A curiosidade das pessoas em conhecer o artigo cresce dia-a-dia. Ao longo do ano recebem muitas visitas de estudo, nomeadamente de escolas para saberem como nasce e se faz todo o processo do burel, para fins académicos.

Esta unidade industrial, através dos seus produtos de burel, em muito tem contribuído para o desenvolvimento de Manteigas e para toda a região da Serra da Estrela. Desde a sua existência, tem aumentado gradualmente a empregabilidade no concelho.

Segundo João Clara, no futuro a empresa irá criar novos postos de trabalho, tendo desde já adquirido recentemente novas instalações, com maior dimensão, que permitam criar novas linhas de produção para novos segmentos de mercado. Pretende assim “diversificar as carteiras de clientes estrangeiros, na vertente moda, desenvolvimento de parcerias com criadores de designers do Porto, para desenvolverem um novo produto, almofadas”.